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TÍTULOS DESTA EDIÇÃO

O ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DE SÃO PAULO:

CONTRIBUIÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS PAULISTAS

Suely Vilela

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM MODELO ACADÊMICO

Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange Giardino

EDUCAÇÃO BRASILEIRA

REVISTA DO CONSELHO DE REITORES

DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

CRUB

VOLUME 29

NÚMEROS 58 e 59

JANEIRO A DEZEMBRO DE 2007

CONSELHO DE REITORES DAS

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

PRESIDENTE

Reitor Nival Nunes de Almeida — UERJ

VICE-PRESIDENTE - Federais

Reitor Timothy Martin Mulholland — UnB

VICE-PRESIDENTE - Comunitárias

Reitor Gilberto Gonçalves Garcia — USF

VICE-PRESIDENTE - Particulares

Reitor Julio Cesar da Silva

VICE-PRESIDENTE - Estaduais e Municipais

Reitor Jader Onofre de Moraes — UECE

EDUCAÇÃO BRASILEIRA

EDITOR

Reitor Manasses Claudino Fonteles — UPM

CONSELHO EDITORIAL

Adolfo José Melfi

José Antônio dos Reis

Jorge Almeida Guimarães

Luciane Stallivieri

Sueli Cristina Marquesi

Mirian Strucchiner

Sofia Lerche Vieira

CONSELHO CONSULTIVO

Lauro Mohry

Edson Nunes

Célio da Cunha

CONHECIMENTO, INOVAÇAO E O NOVO PAPEL DAS UNIVERSIDADES

Jorge Luís Nicolas Audy

GESTÃO ACOLHEDORA: ESTABELECENDO VÍNCULOS COM A COMUNIDADE ACADÊMICA

Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva,Tamara Polenz e Tania Scuro Mendes

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

Cátia Deniana Firmino Perfeito

OPENCOURSEWARE UNIVERSIA: OPORTUNIDADE PARA DOCENTES DA IBERO-AMÉRICA

Alina Corrêa

INTERVENÇÕES EDUCATIVAS EM AMBIENTES VIRTUAIS: INVESTIGANDO POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS

Tania Scuro Mendes

TERCEIRA EDIÇÃO DO PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO

ORIENTAÇÃO EDITORIAL

A revista Educação Brasileira tem por finalidade publicar,

em lingua portuguesa ou espanhola, artigos e relatos de

pesquisa originais, bem como resenhas de livros, documentos

especiais e traduções relacionados à temática da educação

superior nos aspectos de ensino, pesquisa e extensão.

Em princípio, não são aceitas colaborações que já tenham

sido publicadas em outras revistas brasileiras ou estrangeiras.

A publicação dos artigos não é remunerada, e os direitos

de edição pertencem ao CRUB, sendo necessária sua per- missão para qualquer reprodução.

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Recomenda-se a observância. nos artigos, dos seguintes

critérios:

• relevância do tema — cientifica, social, metodológica,

histórica, política:

• atualidade do tema ou da abordagem adorada:

• consistência interna dos argumentos, dos dados, das

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• ter no máximo 30 laudas, em espaço duplo. ou 20 laudas.

em espaço I ,5cm, no formato A4. fonte tamanho 12:

• conter RESUMO (de até 10 linhas) e PALAVRAS- CHAVE (até 5), ambos em português e inglês, devendo o

resumo ressaltar o objetivo, o método e as conclusões do trabalho:

• apresentar as referências bibliográficas organizadas de

acordo com a Norma ABNT 6023/2000;

• trazer as citações entre aspas e encaixadas no texto

(quando de até 3 linhas), ou dispostas em parágrafo próprio

(quando acima de 3 linhas), indicando-se a fonte (sobrenome

do respectivo autor ou autores, ano de publicação e M da

página) entre parênteses. (Norma ABNT 10520/2002)

Pede-se ainda que o autor (ou autores) informe seu

nome completo, cargo que ocupa, titulação académica, local

de atividade, endereço completo (inclusive o residencial),

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ao Conselho Editorial para análise e parecer, sendo que:

• os aprovados sem restrições são encaminhados para

editoração:

• os aprovados com restrições são encaminhados aos

seus autores para que procedam às reformulações sugeridas;

• os recusados são devolvidos.

e,

CRUB

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ISSN 0102-3209

Educação Brasileira

Revista do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

revista@crub.org.br

Volume 29

Números 58 e 59

Janeiro/Dezembro 2007

Índices: Sumários Correntes (IBICT)

Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - CRUB

SEPN Quadra 516, Conjunto D

70770-524 - Brasília - DF - Brasil

Telefone: (0**61) 3349-9010

Fax: (0**61) 3274-4621

E-mail: crub@crub.org.br

Home-page: http://www.crub.org.br

Educ. bras. Brasília v. 29 nos. 58 e 59 jan./dez. 2007 156 p.

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EDUCAÇÃO BRASILEIRA, v. 1-, n. 1-, 1978, Brasília, CRUB.

Semestral

1. Educação Superior - Periódicos. I. Conselho de Reitores das

Universidades Brasileiras.

CDU 37(05)

CDD 370.5

Nota: Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

DIAGRAMAÇÃO

Wagner Freitas Souza

CAPA

Edson Fogaça

DISTRIBUIÇÃO E DIVULGAÇÃO

Maria Franklin de Andrade

• Tiragem média: 1.000 exemplares

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Sumário

Editorial 7-9

TEMA

EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA:

NOVOS OLHARES

MEMORIAL

O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

Suely Vilela 15-28

ARTIGOS

INOVAÇÃO /RENOVAÇÃO

Conhecimento, inovação e o novo papel das universidades

Jorge Luís Nicolas Audy 31-34

GESTÃO ESCOLAR

Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a

comunidade acadêmica

Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva, Tamara Polenz e

Tania Scuro Mendes 37-48

5

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Planejamento estratégico como instrumento de gestão

escolar

Cátia Deniana Firmino Perfeito 49-61

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Educação a distância: um modelo acadêmico

Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e

Solange Giardino 65-83

OpenCourseWare Universia: oportunidade para docentes da

Ibero-América

Afina Corrêa 85-99

Intervenções educativas em ambientes virtuais:

investigando possibilidades metodológicas

Tania Scuro Mendes 101-121

pRÊivllo

Terceira edição do Prêmio Construindo a

Igualdade de Gênero 125-156

6

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EDITORIAL

A revista Educação Brasileira não tem poupado esforços para

trazer nas suas publicações abordagens de temas polêmicos que se

identifiquem com a Universidade. Os textos desta edição assinalam

enormes desafios, mas também apontam soluções, e a Academia, cien- te da sua missão institucional, está preparada para dar as respostas que

a sociedade espera e merece.

A primeira leitura desta revista versa sobre O ensino superior

no Estado de São Paulo: contribuição das universidades públicas

paulistas, artigo assinado por Suely Vilela. A autora elenca os inúme- ros problemas que assolam o ensino superior paulista e sugere dinâmi- cas para solucioná-los. Quadros, tabelas e gráficos trazem informações

que, desde já, permitem a antevisão de um futuro mais próspero para as

instituições universitárias do Estado de São Paulo, notadamente para as

três universidades públicas: USP, Unesp e Unicamp.

A segunda leitura é o artigo de Jorge Luís Nicolas Audy sobre

Conhecimento, inovação e o novo papel das universidades. O au- tor aborda a questão de uma nova conduta para as universidades brasi- leiras, diante de um cenário em que ciência e tecnologia são temas

centrais de debates éticos e políticos, cabendo à Universidade revestir- se de uma visão empreendedora, para inovar e desenvolver o seu plano

de gestão focado nas demandas da sociedade do conhecimento.

Dando continuidade, Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva,

Tamara Polenz e Tania Scuro Mendes são responsáveis por esta pes- quisa referente à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) — Gestão

acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade acadêmi- ca. Preocupadas em promover a permanência dos estudantes nessa

instituição de ensino, durante a graduação, as autoras formulam

questionamentos e assinalam alguns aspectos preponderantes que vêm

ao encontro dessa demanda.

7

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Na seqüência, Planejamento estratégico como instrumento de

gestão escolar, artigo elaborado por Cátia Deniana Firmino Perfeito,

traz ao campo do debate acadêmico a gestão escolar à luz 'do planeja- mento estratégico. A autora justifica essa modalidade de administração

como ferramenta indispensável para tornar a instituição universitária

dinâmica e competitiva. Aponta ainda a origem e a evolução do concei- to de Planejamento, chegando ao Planejamento Estratégico, os desafi- os que se apresentam ao gestor escolar e, por fim, mostra como a

Academia incorporou metodicamente esse instrumento de gestão.

Educação a distância: um modelo acadêmico — escrito por

Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange Giardino.

Tema muito em voga, tendo como foco a Universidade Mackenzie. Os

autores desenvolvem ações que contribuem para o fortalecimento de

projetos dessa universidade, caso do eMack, do Mack Virtual, que

dispõem de um espaço interativo on-line para atender às demandas de

estudantes que vêem na Educação a Distância uma alternativa de se

qualificarem para o mercado de trabalho.

Fazendo uma interface com o tema anterior — educação a dis- tância —, Tania Scuro Mendes, em dupla participação na presente edi- ção da revista Educação Brasileira, traz à tona o seu artigo Interven- ções educativas em ambientes virtuais: investigando possibilida- des metodológicas. É um trabalho que envolve catorze docentes que

atuam em disciplinas de graduação, mediante EaD virtual, e treze insti- tuições de ensino superior da Grande Porto Alegre.

Como último tema, o artigo de Mina Corrêa — OpenCourseWare

(OCW) Universia: oportunidade para docentes da Ibero-América

— elucida como se dá a socialização do conhecimento do OCW e o

impacto da internet no ensino superior. A autora lista alternativas que

alteraram profundamente as formas de produção, de apuração, de ge- ração e distribuição da informação no ambiente universitário.

Encerrando a edição desta revista, e dando continuidade a publi- cações de temas emblemáticos, o Conselho de Reitores abre espaço

para a divulgação da 3aedição do prêmio Construindo a Igualdade

de Gênero, uma iniciativa da Secretaria Especial de Políticas para as

8

Page 8 of 143

Mulheres (SPM), em parceria com o MCT, CNPq, MEC e Fundo de

Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher no Brasil e no

Cone Sul (Unifem).

Com este número, o Conselho de Reitores atualiza a publicação

da revista Educação Brasileira, nas edições impressa e eletrônica.

Nival Nunes de Almeida Manassés Claudino Ponteies

Presidente Editor

9

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TEMA

EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA:

NOVOS OLHARES

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MEMORIAL

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O ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DE SÃO PAULO:

CONTRIBUIÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

PAULISTAS

Suely Vilela'

Resumo / Abstract

O artigo apresenta alguns indicadores do Ensino Superior do

Estado de São Paulo, comparativamente àqueles observados para

o Brasil, mostrando a robustez do sistema e os desafios a serem

enfrentados. Neste cenário, contextualiza-se a contribuição fun- damental das três universidades públicas paulistas — USP, Unesp

e Unicamp —, principais responsáveis pela pujança do Ensino

Superior no Estado. A importância da autonomia universitária na

evolução dos indicadores das três instituições é também ressalta- da. Questões que merecem iniciativas por parte dessas universi- dades são brevemente discutidas.

The paper shows some indeces about the Higher

Education in São Paulo State, presenting the strength of the

system compared with those found in Brazil, and also the

challenges to be faced. The fundamental contribution of the

public state universities USP, Unesp and Unicamp —; the

main responsible for the powerful strength of the Higher

Education System in Sao Paulo State, is contextualized in

the scenario. The importance of the university autonomy

concerning the indeces evolution of those three institutions

is also presented. Questions that deserve initiatives from those

universities have been briefly discussed.

' Professora Titular do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e

Bromatológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Uni- versidade de São Paulo (USP), e Reitora da USP.

Educ. bras., Brasília, v. 29, n°958 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007 15

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O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

Palavras-chave! Key words

Indicadores do ensino superior, sistema paulista de educa- ção superior, autonomia universitária, USP, Unesp,Unicamp.

Higher education system indeces, higher education in São

Paulo State, university autonomy,USP, Unesp, Unicamp.

ENSINO SUPERIOR — DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O

BRASIL

Vivemos em uma sociedade em transformação, em que o conhe- cimento e, portanto, a educação desempenham papel fundamental na

vida dos cidadãos e na sobrevivência e no desenvolvimento das nações.

O paradigma da educação para o novo milênio deve se basear

em quatro pilares [1]: aprender a conhecer, aprender a viver juntos,

aprender a fazer e aprender a ser, que interagem e são interdependentes.

Essas ações, praticadas ao longo dos tempos, não raro, de forma isola- da, integram-se hoje para atender às novas necessidades do estar no

mundo. Na verdade, o ser humano deverá se dispor a realizar tarefa

das mais complexas, ante as transformações hoje sentidas, despojado

do pensamento construído num passadd, não tão longínquo, em que as

bases eram muito diversas.

O ensino superior, como formador de competências, que trans- forma decisivamente os rumos de um país, deve estar em sintonia com

as mudanças sofridas pela sociedade globalizada. É preciso refletir

sobre a sua missão e também sobre suas funções [2]. Para a consecu- ção desse objetivo, é fundamental que se estabeleçam boas relações

com dois atores — Estado e sociedade — fortalecidas pela autonomia

institucional e pela liberdade acadêmica.

Sem prescindir dos valores acadêmicos tradicionais, um dos de- safios do ensino superior é conviver com o moderno, que integra o

avanço da tecnologia à educação e o tem como pressuposto, sem pres- cindir da qualidade exigida pela competitividade em nosso mundo

globalizado [3].

16 Educ. bras., Brasília, v. 29, n°958 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

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O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

É preciso mencionar também que, paralelamente a medidas que

visam ao aprimoramento interno dos sistemas, a internacionalização do

Ensino Superior é meta que mobiliza, na atualidade, os dirigentes das

Instituições, sobretudo das públicas. Vivemos em um mundo globalizado

e altamente competitivo, que exige o aprimoramento da.formação do

professor, do aluno e da pesquisa de alto nível, atributos que a

internacionalização permite obter.

O ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DE SÃO PAULO

Estado que representa a pujança econômica do Brasil, São Paulo

corresponde a 33,4% do PIB nacional e concentra 22% da população

economicamente ativa do País [7]. Segundo o Índice Paulista de Res- ponsabilidade Social (IPRS) de 2006, para o biênio 2002-2004, esse

Estado ocupava, em 2003, o 51° lugar no ranking mundial do PIB per

capita, quando analisado separadamente, aproximando-se de países

como Grécia, Finlândia e África do Sul. Nesse mesmo ano, o Brasil se

encontrava na 70° posição no ranking.

Com tal participação expressiva no PIB brasileiro, é de se espe- rar que índices sociais importantes, relativos às condições de vida dos

habitantes, tais como aqueles ligados à Educação, acompanhem o status

de maior economia brasileira registrada para o Estado de São Paulo

[7]. Realmente, observa-se que tais índices se mostram relativamente

superiores, dos pontos de vista qualitativos e quantitativos, aos outros

Estados da Federação.

No âmbito do Ensino Superior, o peso de São Paulo é inconteste.

Das 2.398 Instituições do setor no Brasil, segundo dados de 2007 [5] do

Mec/INEP, aproximadamente 24% encontram-se nesse Estado. Em

2005, o corpo discente das Instituições em São Paulo correspondia a

27% dos estudantes matriculados no País.

Analogamente ao que ocorre em nível nacional, a maioria das

Instituições de Ensino Superior (IES) de São Paulo é de natureza priva- da, correspondendo ao setor público em torno de apenas 11% do total.

18 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

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Suely Vilela

Predominam, no tocante à categoria acadêmica, Faculdades (84%) em

relação às Universidades (7%) e Centros Universitários (8%) [5]. O

setor público em São Paulo, compreendido por 52 IES, apresenta nú- mero praticamente igual de IES estaduais (23) e municipais (24), com

parcela reduzida de Federais (5) [5]. Nesse particular, o cenário difere

daquele que se observa no plano nacional, em que o número de IES

federais suplanta o das demais categorias administrativas.

Considerando-se os docentes, independentemente da categoria

da IES, em 2005 registravam-se em São Paulo aproximadamente 25%

dos docentes do País. Dos 71.957 professores das instituições paulistas,

29% eram doutores, 35% mestres e 23% possuíam especialização, além

dos 13% com graduação, apenas. A situação no País segue esse mes- mo perfil com relação à qualificação docente. No entanto, as 1ES paulistas

envolvem 7% a mais de doutores do que o total nacional [5]. Esse

quadro é esperado, considerando-se o contingente superior de doutores

formados em São Paulo, em relação ao total do País [7]. Em 2004, eles

representavam 43 doutores por 100.000 habitantes, próximo do dobro

da média brasileira.

A pesquisa científica é, em geral, desenvolvida e liderada por

pesquisadores-doutores, titulados por IES, notadamente de caráter pú- blico. Em face da significativa contribuição de São Paulo na formação

desses recursos humanos, explica-se sua participação decisiva nos ru- mos• da pesquisa científica da Região Sudeste e, por extensão, do País.

O gráfico 1 mostra o perfil do Estado de São Paulo no Diretório

dos Grupos de Pesquisa do CNPq no Brasil [8]. Observam-se porcen- tagens acima dos 50% de participação do Estado nos quesitos conside- rados, comparativamente à Região Sudeste. Em relação ao Brasil, o

Estado responde por 28% dos grupos de pesquisa, 29% dos pesquisa- dores, 35% dos pesquisadores-doutores e 28% das linhas de pesquisa

contidas nos diretórios do CNPq [8].'

Indicadores Indicadores da produção científica expressa em artigos interna- cionais indexados mostravam, segundo censo de 2004 do CNPq [6],

que 64% do que se produziu à época na Região Sudeste e 46% em

relação ao Brasil correspondiam a São Paulo. Tais dados reiteram a

Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007 19

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Sêo Paulo Sudeste

45.000 -7

7

40.000-' ,,

35.000 -,- ,-•

7

30.000

25.000-7' 7,-- --

20.000 -."----T,-- %

15.000 - ' 7----

7 54%

10.000 --"

5.000 -"--

55%

á-6;0-9%—

J

O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

importância do Estado à Ciência desenvolvida na região e no País, que

experimentou crescimento considerável.

• Grupos • Pesquisadores Pesquisadores Doutores Linhas de pesquisa

Gráfico 1 - Participação, em porcentagem, de São Paulo nos grupos,

recursos humanos e linhas de pesquisa do Sudeste, censo 2004.

Fonte:.[8]

A evolução da produção científica brasileira observada em 2006,

comparativamente a 2005, é mostrada na tabela 1. Nesse particular, o

Brasil ocupava a 17a posição em 2005 e, em 2006, passou ao 15° lugar,

traduzindo o crescimento de quase 7% no período.

O cenário resumidamente apresentado mostra um Estado com

um sólido Ensino Superior. Contudo é importante ressaltar que os indi- cadores favoráveis se referem, sobretudo, ao setor público. O segmen- to privado, que representa a maioria no Estado, como provam os núme- ros apresentados [5], deveria investir no aprimoramento do ensino, a

fim de formar profissionais de qualidade que contribuam, de forma efe- tiva, para o desenvolvimento da Nação. Há instituições privadas com

muitos méritos; todavia, docentes em tempo integral, com carreira es- 20 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

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Suely Vilela

pecífica, sistemas de pós-graduação organizados, além de infra-estru- tura para a pesquisa são características mais correntemente encontra- das no setor público da educação superior [9].

Tabela 1 - Produção científica mundial em 2006

POSI AO PAÍS

No.

ARTIGOS

% DO

MUNDO

2006/2005

1 Estados Unidos 283.935 32,30 -1,71

2 Alemanha 71.174 8,10 -3,54

3 Japão 71.033 8,08 -5,75

4 China 69.423 7,90 16,80

5 Inglaterra 63.906 7,27 -1,69

6 França 50.520 5,75 -3,34

7 Canadá 42.841 4,87 2,09

8 Itália 39.162 4,46 0,00

9 Espanha 30.338 3,45 4,28

10 Austrália 26.963 3,07 2,99

11 Índia 25.610 2,91 6,94

12 Coréia do Sul 23.300 2,64 0,88

13 Holanda 23.041 2,62 1,69

14 Rússia 20.005 2,28 -16,89

15 Brasil 16.872 1,92 6,81

16 Suíça 16.781 1,91 0,46

17 Taiwan 16.545 1,88 5,58

18 Suécia 16.428 1,87 -3,59

19 Turquia 13.693 1,56 -1,28

20 Polônia 13.002 1,48 -0,51

21 Bélgica 12.470 1,42 -2,53

22 Israel 10.241 1,17 -1,23

23 Escócia 9.798 1,11 -4,01

24 Dinamarca 8.770 0,99 -2,62

25 Áustria 8.240 0,92 -4,72

Fonte: O Estado de São Paulo, 10/7/07.

AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTADUAIS

PAULISTAS

As três universidades públicas do Estado de São Paulo - USP,

Unesp e Unicamp - desempenham papel de grande relevância no con- texto da educação superior do Estado de São Paulo e do País.

Criadas no século passado - USP, em 1934; Unicamp, em 1966;

e Unesp, em 1976 -, são ainda muito jovens, se as compararmos às

prestigiosas instituições estrangeiras, como a Universidade de Bologna,

fundada há 918 anos. Apesar da juventude, estas instituições conquista- ram gradativamente a maturidade, que hoje lhes permite figurar nos

rankings das melhores universidades do mundo. A USP é a 128a colo- Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007 21

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GRADUAÇÃO POS-GRADUAÇÃO

100.000 --•"/"'

90.000 -

80.000 -

70.000 -

60.000 -"

50.000 -

40.000 --

30.000 -

20.000 •

10.000 -

O

O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

cada na relação da Universidade de Shanghai de 2007 [10] e a primeira

brasileira classificada, seguida da Unicamp (304a posição) e da Unesp

(449a posição), esta última na quarta colocação entre as nacionais clas- sificadas nesse ranking.

A autonomia universitária, resultante da Constituição Estadual,

abrangeu, a partir de 1989, as três instituições e foi certamente o

catalisador do desenvolvimento que estas experimentaram ao longo da

década de 1990, atingindo índices expressivos no início do século XXI.

É preciso ressaltar que a autonomia institucional, que garante a liberda- de na tomada de decisões de cunho político, além da financeira e admi- nistrativa, e a liberdade acadêmica constituem fatores fundamentais

para que uma IES cultive e desenvolva a criatividade, a reflexão e o

espírito crítico [2].

USP, Unicamp e Unesp respondem juntas por 8% dos alunos de

graduação e 78% dos estudantes de pós-graduação do Estado de São Pau- lo, segundo dados de 2006 [11]. O gráfico 2 mostra o número de alunos de

ambos os níveis, correspondentes a cada uma das universidades [7].

USP • UNICAMP UNESP TOTAL

Gráfico 2 — Distribuição de alunos de graduação e de pós-graduação nas

universidades estaduais paulistas, em 2006. Dados da Unesp, 2005.

Fontes: [12-14]

22 Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 15-28, janJdez. 2007

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1889 1895 2005

2.000

1.500

1.000

500 jeL

1.0 1

1989 1996 2006

3.000

3.000

2.000

2.000

1.000

1.000

eco

100

3.400

3.000

2.500

Suely Vilela

A evolução da formação de mestres e doutores a partir da autono- mia universitária é apresentada no gráfico 3. Aumento expressivo na titulação

de mestres e doutores é observada no período de 1989 a 2006, nas três

universidades. O avanço significativo do sistema de pós-graduação — as

três instituições respondem hoje por 74% dos programas do Estado de São

Paulo e 21% do Brasil [11] — resultou na consolidação da formação de

competências, especialmente de doutores, para o desenvolvimento científi- co e a qualificação docente das 1ES de todo o País.

Assim é que as três universidades paulistas encontram-se entre

as principais instituições norte-americanas formadoras de recursos hu- manos nesse nível (quadro 1), segundo dados de 2005 [15]. A USP

titulou naquele ano 2.266 doutores, seguida da Unicamp, que formou

873 doutores, e da Unesp, responsável por 605 doutores no período.

Gráfico 3 — Evolução na titulação de mestres e doutores no período de

1989 a 2006. El UNESP E USP UNICAMP

Fontes: [12-14j

.

Tal fato repercute também na qualificação dos docentes das uni- versidades públicas paulistas. É importante ressaltar que de 90% a 96%

dos docentes possuem, no mínimo, título de doutor e, a maioria, em

torno de 80%, se dedica a essas instituições em tempo integral. Esses

Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59p. 15-28, janJciez. 2007 23

Page 20 of 143

O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

são atributos determinantes da qualidade dos profissionais formados e

da geração do conhecimento, que pode levar.aoavanço tecnológico.

Conforme dito, a autonomia financeira, além d3..acadêmica, permitiu

às 1ES estaduais estabelecer as políticas de gestão e realizar planejamentos

de longo prazo [9], para a aplicação adequada da dotação órçamentária —

em 2007, em torno de R$ 2,4 bilhões à USP, cerca de R$ 1 bilhão à Unicamp

e em torno de R$ 1,1 bilhão à Unesp — tendo como norte a excelência

acadêmica. No entanto, aos recursos do erário, nem sempre suficientes,

devem-se acrescentar outros oriundos especialmente da captação de re- cursos de agências de fomento por parte dos docentes. É expressivo o

valor captado pelas IES paulistas. A USP, por exemplo, em 2006, recebeu

US$ 503.961.432,78 de verba extra-orçamentária, proveniente de agências

de fomento e convênios diversos.

A produção científica decorrente do sólido sistema de pós.-gradua- ção e da pesquisa, em geral de qualidade, garantiu às três universidades

paulistas posições de destaque entre as IES brasileiras mais bem colocadas

nesse quesito, como mostra a tabela 2. Aumentos substantivos no período

de 1996 a 2006 renderam o primeiro, segundo e quarto lugares nessa clas- sificação, respectivamente, à USP, Unicamp e Unesp. Juntas, elas repre- sentavam 46% da produção científica brasileira, em 2006.

24 Educ. bras., Brasília, v. 29, nos. 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

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Suely Vilela

Quadro 1 — Principais universidades formadoras de doutores

Número de Doutores, 2005

Brasil EUA Doutores

i USP 2.266 1

lUnicamp _ 873 1 i

U. CA Berkeley 802

U. TX - Austin 716

U. MI 711

U. WI -Madison 664

U. CA Los Angeles . 651

U. MN 644

Stanford U. 642

U.IL Urbana Champaign 637

PA State U., The . 606

Unesp 605

OH State U., The 591

MIT 581

U. FL 574

Harvard U. 510

i

Fonte: [15]

Tabela 2 — Universidades brasileiras e à produção científica no Brasil

INSTITUIÇÃO

1°. USP

ARTIGOS

PUBLICADOS

2006

4.669

2001

2.812

1996

1.554

AUMENTO(%)

1996-2006

200

2° UNICAMP 1.842 1.219 678 171

3° UFRJ 1.537 1.163 634 142

4° UNESP 1.286 1.061 396 224

5° UFRGS 1.069 635 315 239

6° UFMG 1.019 605 284 258

7° UNIFESP 685 347 143 379

8° FIOCRUZ 584 342 235 148

9° UFSC 525 292 165 218

10° UFSCAR 511 400 181 182

11° UFPR 475 261 121 292

12° UFPE 440 294 139 216

13° UFV 437 140 59 640

14° UNB 424 247 123 244

15° UFC 373 170 73 410

Fonte: O Estado de São Paulo, 1°/08/07

Educ. bras., Brasília, v. 29, n°s• 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007 25

Page 22 of 143

O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

Há, no entanto, que se investir mais na inovação. Nesse ponto,

corroborando o descompasso observado no País, não há correspondên- cia entre a produção científica e o avanço tecnológico. A despeito des- se panorama, a contribuição das três instituições é significativa.

Deve-se salientar que a produção científica indexada é passo

importante rumo à internacionalização, objetivo das três universidades,

que têm privilegiado as mobilidades discente e docente e o desenvolvi- mento de pesquisas conjuntas. O resultado de ações nessa direção é a

visibilidade mundial que conquistaram, haja vista a classificação dessas

instituições nos principais rankings das melhores universidades do

mundo [10].

A importância dessas Universidades remete-lhes constantemen- te à responsabilidade de comandar ações para enfrentar os principais

desafios da educação. Assim sendo, em resposta à política de expansão

de vagas dirigida pelo Governo Estadual, no período de 2001 a 2006,

USP, Unesp e Unicamp encetaram esforços visando a iniciativas que

levassem à consecução desse objetivo. Cursos novos, além de cursos

noturnos já existentes, foram criados nas três universidades, em atendi- mento à necessidade de oferecimento de novas vagas. Novos campi

também resultaram dessa política de expansão. A racionalidade na cri- ação foi a tônica dessas iniciativas, tendo em vista novos projetos peda- gógicos e o atendimento a novas tendências da sociedade moderna,

sem descuidar da qualidade que se quer imprimir aos recursos humanos

formados. Criaram-se 2.787 vagas na USP, o que representa acrésci- mo de 39%, correspondente ao adicional de 13.395 novos alunos bene- ficiados. A Unicamp criou 900 vagas, o correspondente ao acréscimo

de 38%, representando adicional de 4.500 novos alunos beneficiados.

Na Unesp criaram-se 1.825 vagas, 36% de acréscimo, refletindo adici- onal de 9.125 novos alunos beneficiados.

A inclusão socioeconômica e étnica encontrou nas instituições

públicas paulistas soluções mais criativas, como alternativas às cotas,

ainda de aplicação controvertida. Visando prioritariamente ao mérito,

criaram-se o Programa de Inclusão Social (INCLUSP), na USP [16], o

Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS) da Unicamp

26 Educ. bras., Brasília, v. 29, n°5. 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

Page 23 of 143

Suely Vilela

[17] e iniciativas para a inclusão social na Unesp [18], com abrangência

que ultrapassa o acesso à universidade. Tais programas, dedicados a

estudantes do ensino médio da rede pública, além de aumentarem o

acesso dos estudantes, procuram envolver ações que visam ao aprimo- ramento do sistema, aumentando as oportunidades a esses estudantes

de ingressar em universidades de qualidade.

Os fatos e números brevemente apresentados neste artigo dão a

dimensão da importância da USP, Unesp e Unicamp e do papel que

representam no contexto da Educação Superior do Estado de São Pau- lo e do País.

Há ainda muitos desafios a serem enfrentados por essas institui- ções. Um deles diz respeito ao aperfeiçoamento da gestão universitá- ria, em que se possa distinguir claramente a administração da burocra- cia que a engessa [19]. Os meios que elas dispõem para enfrentá-los,

consideradas as suas características, as principais aqui ressaltadas, per- mitem que se lhes anteveja um futuro ainda melhor. Dessa forma, po- derão contribuir, mais ainda, para a formação de cidadãos, conscientes

de seu papel no desenvolvimento da Nação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[3] MALNIC, G.; STEINER, J. E. (Orgs.). Ensino superior: conceito e dinâmi- ca. São Paulo: Edusp, 2006.

[4] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de

indicadores sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.317p.

[5] INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS

ANÍSIO TEIXEIRA/MEC. Portal SINAES <sinaes.inep.gov>. Acesso em:

set. 2007.

Educ. bras., Brasília, v. 29, n°s• 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007 27

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O ensino superior no Estado de São Paulo: contribuição das

universidades públicas paulistas

[6] LIU, M.; MAZUMDAR, S. The mythical milllion. Newsweek, 20/27

August 2007. p. 42-43.

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indicadores sociais do país. IPRS 2006. <www.al.sp.gov.br>. Acesso em:

set. 2007.

[8] CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO.

Indicadores da pesquisa no Brasil, 2000-2004. <http://www.cnpq.br/

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[9] MALNIC,. G. O futuro da universidade pública. In: STEINER, J. E.;

MALNIC, G. (Orgs.). Ensino superior: conceito e dinâmica. São Paulo:

Edusp, 2006. p. 303-308.

[10] INSTITUTE OF HIGHER EDUCATION, SHANGHAI JIA° TONG

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<www.arwu.org>.

[11] COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL

SUPERIOR. Estatísticas da pás-graduação <www.capes.gov.br>. • Acesso

em: set. 2007.

[12] USP. Pró-Reitoria de pós-graduação <www.usp.br/prpg>.

[13] Unicamp. Pró-reitoria de pós-graduação <www.prpg.unicamp.br>.

[14] UNESP. Pró-reitoria de pós-graduação <www.unesp.br/propg>.

[15] NATIONAL OPINION RESEARCH CENTER. Doctorate Recipients from

United States universities. Summary report 2005. Survey of eanied

doctorates. Chicago, 2006. p.142. Disponível em: <www.norc.org>. Acesso

em: set. 2007.

[16] INCLUSP Programa de Inclusão social da USP <naeg.prg.usp.br>.

[17] PAAIS <wwvv.comvest.unicamp.br>. *

[18] JORNAL UNESP. A universidade na luta pela inclusão. n. 209, mar.

2006 <www.unesp.br>.

[19] MARCOVITCH, J. A universidade (im)possível. São Paulo: Futura,

1998.p. 151-174.

28 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 15-28, jan./dez. 2007

Page 25 of 143

ARTIGOS

INOVAÇÃO/RENOVAÇÃO

Page 26 of 143

CONHECIMENTO, INOVAÇÃO E O NOVO PAPEL

DAS UNIVERSIDADES

Jorge Luís Nicolas Audy'

Resumo

A Sociedade do Conhecimento apresenta novas demandas

para as Universidades, apontando para um novo papel das

instituições, atuando como protagonistas do processo de de- senvolvimento econômico, social e cultural. Novos conceitos

surgem neste ambiente, tais como criatividade, inovação, no- vas abordagens pedagógicas, empreendedorismo. Incorporar

estes novos conceitos, buscando uma renovação necessária,

mas sem perder sua tradição e integridade, é o grande desafio

que se apresenta.

Este artigo busca identificar alguns aspectos críticos deste

processo de mudança e apontar algumas oportunidades e de- safios presentes neste ambiente.

Palavras-chave / Key words

Inovação, universidade empreendedora, sociedade do co- nhecimento, interação universidade-empresa-governo.

Innovation, entrepreneurial university, knowledge society,

university-entrerprise-govermment interaction.

As noções de sociedade da informação e do conhecimento

demandam um conceito revisado de Universidade. Enquanto a noção

de sociedade da informação está baseada nos avanços tecnológicos, o

conceito de sociedade do conhecimento compreende dimensões soci- ais, éticas e políticas mais abrangentes (Unesco, 2005).

' Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul (PUCRS).

Educ. bras., Brasília, v. 29, n's• 58 e 59, p. 31-34, jan./dez. 2007 31

Page 27 of 143

Conhecimento, inovação e o novo papel das universidades

A ciência e a tecnologia são temas centrais de debates éticos e

políticos no cenário do desenvolvimento da sociedade. Nesse contexto,

a inovação surge como resposta das instituições universitárias em um

contexto cada vez mais complexo, dinâmico e competitivo.

O conhecimento, por sua vez, é a base de um processo de inova- ção e tem como insumo fundamental a informação. O processo de

inovação e transferência de conhecimento é dinâmico, complexo e

interativo, pois as informações devem fluir entre agentes do conheci- mento e sociedade.

Dessa forma, a construção do conhecimento, caracterizada pela

constante transformação de conhecimento tácito em explícito, e vice- versa, beneficia-se da cooperação entre partícipes de uma rede de co- nhecimento. Esta rede pode ser representada, na sociedade atual, pelas

universidades, sociedade civil (incluindo empresas) e governo. As rela- ções entre estes atores são cada vez mais importantes na construção

do conhecimento. Neste cenário, a Universidade não deve ser lugar

apenas de erudição, mas de esforço interdisciplinar de resolução de

problemas.

A compreensão deste ambiente em transformação é importante

para a definição de politicas de pesquisa, de educação e de inovação. A

sociedade do conhecimento envolve uma reorganização da própria so- ciedade e das suas instituições e gera mudanças nos processos econô- micos, sociais e políticos, tendo por base o acesso às novas tecnologias

da informação e comunicação.

Nesta nova sociedade, a capacidade de aprender é o grande di- ferencial competitivo das organizações e das pessoas, demandando novas

formas de aprender. A realidade existente mostra que a aquisição do

conhecimento não está confinada no espaço (nas instituições de ensino

tradicionais) e nem no tempo (em um período único). Desta constatação

surge a noção de educação continuada, ao longo de toda a vida. Neste

ambiente de constantes mudanças são questionados antigos modelos

de aprendizagem, e emergem novas abordagens, baseadas no aprender

fazendo (learning by doing), na criatividade e na capacidade de ino- var e de aprender a aprender.

32 Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 31-34, janJdez. 2007

Page 28 of 143

Jorge Luís Nicolas Audy

A sociedade centrada na inovação espera das Universidades

abordagens pedagógicas que façam frente às atuais demandas, que

busquem desenvolver novas competências e conceitos de tempo e es- paço no processo de aprendizagem. Nesse sentido, aprender a apren- der significa aprender a refletir, levantar dúvidas, adaptar-se com rapi- dez e questionar continuamente o ambiente cultural envolvido. Dessa

forma, a Universidade poderá colaborar na elaboração de um projeto

global de desenvolvimento humano durável, compondo um processo de

educação que leve em conta as dimensões física, afetiva, cognitiva,

comunitária, ético-valorativa e transcendental.

A posição central da criatividade e da inovação na sociedade do

conhecimento gera um desafio que deve ser enfrentado neste início de

século: como harmonizar uma cultura de inovação com uma visão de

longo prazo sustentável, em que se faz necessário manter a qualidade e

a tradição?

Assim emerge um novo papel para a Universidade, expandindo

seu foco tradicional na formação e capacitação (ensino e pesquisa),

agregando à sua missão a atuação direta no processo de desenvolvi- mento econômico, cultural e social. E, ao mesmo tempo, representa

desafios na direção de gerar as condições para a análise crítica deste

processo de criação de valor e suas conseqüências, tanto internas na

própria Universidade, como externas, considerando suas conseqüênci- as nos planos social, econômico e cultural.

A Universidade, neste cenário, deve ser empreendedora, desen- volvendo mecanismos que incorporem estas características da socie- dade do conhecimento e da aprendizagem ao seu Plano .Pedagógico

Institucional e ao seu modelo de gestão. Ao fazer isso, estará sendo

inovadora no seu contexto de atuação e estará respondendo às deman- das que a sociedade apresenta para esta Instituição.

Na PUCRS, o que estamos tentando fazer é exatamente expandir o

impacto positivo na sociedade para além da formação e capacitação de

nossos alunos, com mais de 120 mil egressos nos seus 58 anos de existência

como Universidade. Mais recentemente, a PUCRS tem atuado como um

parceiro ativo dos governos e da sociedade, seja por meio do estímulo a

Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 31-34, jan./dez. 2007 33

Page 29 of 143

Conhecimento, inovação e o novo papel das universidades

uma cultura empreendedora, na geração de novas empresas de base

tecnológica, na atração de investimentos de grandes empresas nacionais e

internacionais em áreas de alta tecnologia e na criação de ambientes de

inovação e pesquisa de classe mundial (como o TECNOPUC — Parque

Científico e Tecnológico da PUCRS), seja pela ampliação e qualificação do

Hospital São Lucas (maior Hospital Universitário privado do país), seja pela

constante atualização do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS (prin- cipal Museu Interativo da América Latina).

Enfim, a Universidade deve colocar sua tradição e qualidade a

serviço da renovação necessária para atender ao cumprimento de sua

missão. Isto deve ser feito de forma coerente com seus princípios e

valores, o que significa não perder de vista sua finalidade primária de

formar cidadãos, atendendo à demanda social existente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CLARK, B. Sustaining change in universities: continuities in case studies

and concepts. Tertiary Education and Management, n. 9, 2003.

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Research groups as "quasi-firms": the invention of the

entrepreneurial university. Research Policy, n. 32, 2003.

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34 Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 31-34, jan./dez. 2007

Page 30 of 143

GESTÃO ESCOLAR

Page 31 of 143

GESTÃO ACOLHEDORA: ESTABELECENDO

VÍNCULOS COM A COMUNIDADE ACADÊMICA

Dorilda Grollii

Lauraci Dondé da Silva2

Tamara Polenz3

Tania Scuro Mendes°

Resumo / Abstract

Encaminha-se esta pesquisa com vistas à construção de

um projeto educativo, objetivando a Gestão Acolhedora. Este

trabalho será desenvolvido em parceria com os setores direta- mente envolvidos com a educação, a formação e o atendimen- to aos alunos na Instituição, significando uma ação

interdisciplinar. O objetivo da pesquisa é desenvolver um Pro- grama de Gestão Acolhedora com os diversos segmentos da

Universidade, a partir dos dados analisados e categorizados

na pesquisa realizada em 2007. O caminho investigativo a ser

percorrido nesta pesquisa, a exemplo dos trilhados nas inves- tigações desenvolvidas anteriormente, é de caráter qualitati- vo, segundo Bogdan (2000), sendo os dados examinados à luz

da análise de conteúdo, conforme Orlandi (1993) e Bardin

(1979), tendo em vista a construção e a conceituação de cate- gorias para a elaboração de ações conjuntas envolvendo pes- quisa-ação, consoante Demo (1994) e Brandão (2003). A pers- pectiva teórica é voltada para ações pedagógicas, nos espa- ços educativos, envolvendo atitudes voltadas ao esforço em

' Docente e Pesquisadora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Doutora em

Filosofia. dgrolli@terra.com.br

2 Docente, Pesquisadora e Diretora da Doep/Ulbra; Doutora em Educação.

lauracid@ulbra.br

3 Docente e Pesquisadora da Ulbra, Mestre em Educação. pesquisadoep@ulbra.br

4 Docente e Pesquisadora da Ulbra, Doutora em Educação. pesquisadoep@ulbra.br

Educ. bras., Brasília, v. 29, n's• 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 37

Page 32 of 143

Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

estabelecer vínculos significativos com os, sujeitos nas rela- ções que aí se impõem. Nesse sentido, representa a inclusão

das diferenças numa Conjuntura multicultural e o aproveita- mento dos conhecimentos prévios, para um trabalho

intercultural e intersubjetivo de construção do conhecimento.

No tocante ao processo de ensino e aprendizagem, a pesqui- sa, a partir dos indicadores para a construção dos significados

sobre gestão acolhedora e permanência, constitui programa

que promove a formação continuada de professores e funcio- nários, sendo preponderante o desenvolvimento de compe- tências educadoras. .

The present research is based upon the necessity of

developing an educational project facing the issue of the

Welcoming Management. This project is built in collaboration

with the departments directly involved with the education,

graduation and the answering of the needs of the students in

that institution, which means an interdisciplinary action. The

objective here is to develop a Welcoming Mana gement

Program with ali segments. of the University, starting from

data analyzed and categorized in the research done in 2007.

The investigative path for this research, as of those developed

before, has a qualitative aspect to it, according to Bogdan

(2000), with ali information analyzed through content

analysis, according to Orlandi (1993) and Bardin (1979),

with éyes on the construction and definition of cate gories,

for. the elaboration of joint actions involving action-research

as shown in Demo (1994) and Brandão (2003). The

• theoreticál.perspective implies a.pedagogical action in the

educational spaces, in an effort to establish meaningful

connections with the individuais in ali of the presented

relationships. In this case, it represents the inclusion of the

differences in a multicultural group and the use of previous

knowledge for an intercultural and intersubject work of

knowledge construction. For the teaching and learning

process, the research, with information from indicators for

the construction of the meanings about welconiing

mana gement and permanence, constitutes a program that

promotes continuous education of professors and employees,

where the main objective is the development of educational

competencies.

38 Educ. bras., Brasília, v. 29, nos. 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007

Page 33 of 143

Dorilda Grolli,, Lauraci Dondé da Silva, Tamara Polenz e Tania Scuro

Mendes

Palavras-chave I Key words

Gestão acolhedora, interdisciplinaridade, formação conti- nuada'.

Welcoming mana gement, interdisciplinary, continuous

education.

APRESENTANDO O PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO

O Programa de Gestão Acolhedora, iniciado nos anos de 2006/

2007, implica uma pesquisa institucional, vindo ao encontro da preocu- pação e do desejo da Instituição em promover a permanência do aluno

na universidade. Percebe-se a necessidade de ações educadoras que

tenham por finalidade a formação e a qualificação do sujeito reflexivo,

perceptivo, autônomo e construtor da própria realidade. A reflexão que

se faz a partir desta constatação inicial detém-se em três instâncias,

quais sejam: os significados dos campos do conhecimento, numa

análise histórica, epistemológica e sociocultural; uma nova visão de

cultura que se dá na interculturalidade e na intersubjetividade, o que

requer a ruptura da fragmentação curricular legada pela modernidade;

a concepção construtora e cooperadora do conhecimento que bus- ca o desenvolvimento do pensamento crítico e a capacidade de fazer a

leitura da realidade social, contribuindo para a transformação desta re- alidade. Que ações, voltadas à gestão acolhedora, a universidade pode

desenvolver para articular tais instâncias e qualificar as relações entre

seus diversos segmentos?

Visando a encontrar respostas possíveis a esta interrogação, tem- se, como horizonte, a finalidade de desenvolver um Programa de Ges- tão Acolhedora com os diversos segmentos da Universidade Luterana

do Brasil, a partir dos dados analisados e categorizados na pesquisa

realizada em 2007, cujos resultados podem proporcionar maior compre- ensão sobre componentes da identidade do aluno, traduzidos em sua

cultura, sua linguagem e seus determinantes histórico-sociais.

O caminho investigativo a ser percorrido nesta pesquisa, a exemplo

dos trilhados nas investigações desenvolvidas anteriormente, é de cará- Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 39

Page 34 of 143

Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

ter qualitativo, segundo Bogdan (2000), sendo os dados examinados à

luz da análise de conteúdo, conforme Bardin (1979) e Orlandi (1993),

tendo em vista a construção e a conceituação de categorias, para a

elaboração de ações conjuntas envolvendo pesquisa-ação, consoante

Demo (1994) e Brandão (2003).

Como decorrência desse processo, encaminha-se um trabalho

de caráter interdisciplinar que compreenderá a articulação de ações

com setores envolvidos no contexto educativo desta Instituição e que

impliquem, como eixo articulador, a conceituação-foco desta pesquisa

como gestão acolhedora. Esta pesquisa será trabalhada, portanto, me- diante a construção de um programa de ações conjuntas, reportando-se

à concepção cooperativa da educação.

GESTÃO ACOLHEDORA EM REALIDADES

MULTICULTURAIS

As novas demandas socioculturais, especialmente com a assimi- lação das tecnologias digitais, têm engendrado uma ecologia cognitiva

que altera e amplia as necessidades de inserção social. O papel da

Universidade, nessa perspectiva, é o de dar vez e voz aos sujeitos soci- ais e, para isso, essa Instituição precisa romper com paradigmas

condicionantes e construir novas formas de fazer educação que visem

à formação integral em processos humanizadores sustentados pela éti- ca e pela visão de imprevisibilidade.

Essa abertura à sociedade e ao outro, que deve ser finalidade da

educação desenvolvida na Universidade, é respaldada por Prigogine

(1996), que enfatiza que a ciência não se limita mais a situações

simplificadas e idealizadas, mas, ao contrário, põe-nos diante da perple- xidade de um mundo complexo e constantemente mutável.

Isso remete à idéia, comentada em nosso artigo relativo à forma- ção de professores, da capacidade do homem de retomar-se e, ao mes- mo tempo, projetar-se para o futuro. Desta reflexão explicita-se a in- tenção de a universidade conhecer a identidade do aluno em suas múl- 40 Educ. bras., Brasília, v. 29, n° 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007

Page 35 of 143

Dorilda Grolli, Lauracl Dondé da Silva, Tamara Polenz e Tania Scuro

Mendes

tiplas características para pensar os espaços em que estas identidades

possam se desenvolver no universo acadêmico.

Diante desse cenário educacional, questiona-se: como a Univer- sidade, composta por diferentes segmentos, pode desencadear ações

conjuntas que dêem conta das demandas às quais os alunos ingressantes

no ensino superior estão sujeitos?

A temática abordada nesta pesquisa traduz preocupação por parte

de todos os segmentos que compõem as gestões administrativas e pe- dagógicas da Universidade. Esse é o indicador preponderante para a

relevância que se dá a este estudo, constituindo o desafio que desenca- deia o seu desenvolvimentó.

As conclusões a que se chega a cada etapa deste processo de inves- tigação atingem a comunidade acadêmica, envolvendo a todos no que diz

respeito aos entendimentos que são proporcionados pela análise evolutiva

que se realiza e que sinaliza as ações desencadeadas a partir desta análise.

Nesse contexto, a questão da "permanência na Universidade" envolve e

impulsiona a todos que fazem parte do espaço acadêmico.

Decorre disso a necessidade de se definir o entendimento de

permanência que está expresso na realidade em que se realiza a pes- quisa. Este conceito volta-se ao investimento na formação da inteireza

do sujeito que deve ocorrer por toda sua existência e equivale à conti- nuidade nos processos educativos. Permanência abrange o aprimora- mento de conhecimentos que leva ao desenvolvimento do sujeito en- quanto pessoa, com caráter social e profissional. Os seus significados

conduzem, desse modo, a uma compreensão sobre a incompletude hu- mana. Assim, entende-se permanência na sua relação com os indicado- res educacionais assumidos por esta coletividade.

O investimento nessas premissas é compromisso fundamental

da Universidade e, por isso, constitui uma das prioridades desta, desen- cadeando investigação institucional. Resultados de pesquisas anterio- res reportam a algumas respostas sobre a questão: por que o aluno

permanece nesta Instituição?

Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 41

Page 36 of 143

Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

Do estudo realizado, conclui-se que os conceitos identidade,

desenvolvimento, e qualificação constituem os aspectos preponde- rantes para o processo de permanência na Instituição. Depreende-se, a

partir disso, a necessidade de construir significados sobre esses concei- tos, percebendo, com maior clareza, a forma como se manifestam na

realidade, além de fundamentá-los para solidificar e ampliar as ações

que os promovem.

Estes entendimentos devem ser descritos, considerando, primei- ramente, cada uma das três categorias mencionadas, na sua caracteri- zação particularizada, para, depois, percebê-las na relação, na forma

como se manifestam no cotidiano da Universidade.

A compreensão do conceito identidade remete a uma constru- ção permanente na interatividade multicuftural. De caráter social, defi- ne-se na individualidade do sujeito, compondo sua inteireza como única,

indivisível e intransferível.

Essa interpretação conduz à dimensão em que o aluno se reco- nhece no contexto acadêmico, percebendo-se como sujeito com

potencialidades e interesses. Ao mesmo tempo, o ambiente.

da Univer- sidade lhe favorece a construção evolutiva de sua própria identidade. A

partir disso, pode-se dizer que o espaço acadêmico precisa ser cada

vez mais multicultural, de forma que possibilite a inserção de todos.

Dessa forma, pressupõe um olhar que contemple a diversidade.

Pela reflexão teórica, de acordo com Morim (1995, p. 113), en- tende-se, por sua vez, desenvolvimento como processo que conduz à

"... finalidade.., de viver verdadeiramente. Viver melhor". Trata-se,

portanto, de desenvolvimento humano e, neste sentido, implica uma con- cepção histórica e multidimensional, uma vez que constitui uma busca

que envolve todas as dimensões de existência humana.

Outro significado relevante para esta categoria é buscado em

Piaget (1973), para quem desenvolvimento decorre de processos

construídos interativamente e se dá na relação com os outros e com o

meio, constituindo um princípio ativo. Sua finalidade está na aquisição

da autonomia. Decorre, ainda, de processos de participação e de cons- trução de aprendizagem continuada.

42 Educ. bras., Brasília, v. 29, n°8 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007

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Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva, Tamara Polenz e Tania Scuro

Mendes

A categoria desenvolvimento, emergente da análise sobre as res- postas obtidas pelo instrumento de investigação, é tomada como cami- nho pelo qual pode-se ter acesso a novos espaços de trabalho e cultura.

Também promove permanência no mercado de trabalho. Abrange, por

conseguinte, conhecimento pessoal e profissional.

Prosseguindo a análise, quanto à qualificação, conforme Soa- res (2002, p. 41), "na base da expressão, potencial humano, sempre

esteve o poder se qualificar, se requalificar e descobrir novos campos

de atuação como realização de si". O autor diz ainda que a função

qualificadora da educação "tem como base o caráter incompleto do ser

humano" que utiliza o seu "potencial de desenvolvimento" para signifi- car a perspectiva permanente e continuada que ela embasa.

Assim, a terceira categoria diz respeito às motivações do aluno,

envolvendo a universidade como um todo, o seu curso e a si própria,

numa relação significativa. A qualificação surge, pois, como interpreta- ção às manifestações sobre a conceituação, a estrutura, a organização

e a seriedade que envolve o espaço educativo, a diversidade e a ampli- tude curriculares, a competência dos professores e os relacionamentos

que possibilitam dentro e fora da sala de aula. Além disso, refere-se ao

desenvolvimento pessoal, claramente constatado por meio do aprimo- ramento de conhecimentos, implicando apropriação de competências e

habilidades.

Portanto, podemos concluir que os significados inferidos da análise

de dados pesquisados, assim como da literatura, estão em concordância e

se complementam em estreita relação, manifestando-se na concretude do

cotidiano da vida acadêmica, na dinâmica dos processos e relacionamentos

desencadeadores da formação dos sujeitos nela inseridos.

A partir dessas questões tem-se que essa realidade, desejável e

propícia ao desenvolvimento, precisa ser intensificada e ampliada de

forma a atingir todos os setores e instâncias do ambiente 'acadêmico,

devendo ser encaminhada como aprendizagem e qualificação do uni- verso de sujeitos nela envolvidos. Isto pode se dar de forma sistemática

e estruturada, com base no conhecimento construído por meio desta

pesquisa.

Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 43

Page 38 of 143

Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

As relações teórico-práticas até então engendradas permitem

vislumbrar que o sentido primordial que se atribui a uma ação voltada

para a permanência do estudante na Universidade, mediada pela cons- trução de sua identidade, desenvolvimento e qualificação implica

interações sociais nela entremeadas, o que, por sua vez, pode convergir

à noção de acolhimento. Conceitua-se acolhimento como uma ação

pedagógica, nos espaços educativos formais e informais, que envolve

atitudes de estabelecer vínculos significativos com o sujeito nas rela- ções que aí se impõem. Nesse sentido, representa a inclusão das dife- renças, numa perspectiva multicultural de conhecimentos prévios, para

um trabalho intercultural e intersubjetivo de construção participativa do

conhecimento, voltando-se para a formação de sujeitos reflexivos, par- ticipantes, autônomos e transformadores da sociedade.

Esta proposta solicita concepções de construção do conhecimento e

da inserção social do sujeito, o que inclui a percepção da realidade, a forma- ção da consciência, a atitude participativa e o desenvolvimento da autono- mia. Segundo Piaget (1991, p. 105), "os conhecimentos nunca derivam

exclusivamente da sensação ou da percepção, mas também de esquemas

de ações. (...) a própria percepção não consiste numa simples leitura dos

dados sensoriais, mas comporta uma organização ativa".

O papel da universidade frente à formação do sujeito social, além

de profissional, implica necessariamente essa perspectiva construtora e

cooperadora do conhecimento. É nesse contexto que se pode dizer que

a formação acadêmica está intimamente ligada à dialética do saber, por

intermédio da qual se configura "um caminho que parte de uma visão

abstrata de um objeto de estudo até sua assimilação na concretude"

(Kosik, 1998,p. 11).

O caminho a que o autor acima citado se refere indica constru- ção para a atitude de reflexividade, de percepção e de apropriação da

realidade, que possibilita a ruptura dos estereótipos e das conclusões

prontas, favorecendo a criação de novas ações e relações no mundo

concreto.

O conceito de acolhimento está estreitamente vinculado a essa

concepção de educação, numa atitude de dialogicidade e de

44 Educ. bras., Brasília, v. 29, nos 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007

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Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva, Tamara Polenz e Tania Scuro

Mendes

disponibilização; de aceitação do outro sem pré-julgamentos ou precon- ceitos; de entendimento sobre as subjetividades, conforme estas dife- renças se apresentam; de negociação e de encaminhamentos que po- dem oferecer alternativas ou redirecionamento das questões, proble- mas, dúvidas e /ou conflitos.

O desenvolvimento da competência dialógica faz-se preponde- rante para criação de gestão acolhedora, considerando-se todas as ins- tâncias em que ocorrem as relações na Universidade.

Para tanto, propõe-se a construção de um programa de ações que

se vincule à conceituação decorrente da compreensão da realidade, con- forme análise das respostas obtidas dos alunos de graduação em 2005 (na

pesquisa "Evasão x Permanência: ressignificando a vida acadêmica").

A concretização de um trabalho desse caráter envolve toda a

comunidade acadêmica, momento em que é preciso construir parcerias

com setores que abrangem a universidade nas diversas gestões que a

representam. Propõe-se, para isso, a construção de um programa de

gestão com ações que possam ser desenvolvidas em parcerias numa

perspectiva interdisciplinar. As expectativas em relação a essa finalida- de centram-se na mobilização da comunidade educativa para empreen- der a compreensão das variáveis que interferem na permanência dos

estudantes na instituição e na construção e desenvolvimento do referi- do programa, integrando-se em ações conjuntas que promovam mu- danças no contexto acadêmico, o que implica o desenvolvimento de

"Gestão Acolhedora".

Para a continuidade e aprofundamento das proposições referi- das, quer-se, num primeiro momento, buscar aproximações com a iden- tidade do aluno da Ulbra. Isso significa saber sobre a cultura, a lingua- gem e o contexto sociohistórico que são constitutivos desta identidade,

que se revela multicultural. Tal conhecimento pode proporcionar ao pro- cesso de "Gestão Acolhedora" elementos para a sua intensificação e

aprimoramento.

O programa "Gestão Acolhedora" envolve, no prisma sintético,

ação construtora do conhecimento que se vincula a uma concepção de

Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 45

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Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

processo e de participação. Esta concepção educativa trata da questão

da interdisciplinaridade, cujo conceito é desenvolvido a seguir.

Na ótica deste estudo, entende-se interdisciplinaridade como

uma ação que se processa pelo diálogo entre as diferentes áreas do

saber, a partir do reconhecimento das suas diferenças. Essa ação tem

na vivência e na compreensão da realidade o seu campo de investiga- ção numa dinâmica de relação entre teoria e prática.

Conforme Polenz (2000, p. 35-42), o conceito de interdisciplinaridade

implica diferentes dimensões, iniciando pelo desvelamento da realidade

numa perspectiva dialógica entre as diferentes áreas de conhecimento,

constituindo processo de crescimento pessoal e grupal, o que ocorre na

relação entre teoria e prática, com vistas à transformação.

Dessa forma, entende-se que a atitude do sujeito frente ao objeto

no processo de conhecimento é a busca pelo significado desse objeto

em sua vida real. O significado tem que ser buscado na realidade con- creta. Pela reflexão, pode ser prOblematizado, permitindo a sua apropri- ação e transformação. Em uma ação pedagógica interdisciplinar, esse

processo é desencadeado em uma situação de diálogo e na relação

com os outros.

Essa concepção de trabalho pedagógico implica necessariamen- te uma atitude ativa do sujeito que o está conhecendo. Questionar,

problematizar, indagar são instrumentos importantes nesta construção.

Existe um movimento em que os diferentes aspectos da realidade se

articulam e interferem uns nos outros. A reflexão crítica busca perce- ber as contradições, estabelecer relações entre o que está claro e o que

está obscuro, entre o que foi dito e o que foi calado, entre o que é

anunciado e o que é feito.

É neste contexto que se pode dizer que a interdisciplinaridade

está intimamente ligada ao método dialético do saber. Atarefa de aprender

trata de descobrir as relações que determinam a forma como os fatos

se manifestam. A ênfase é dada ao processo de busca do conhecimen- to. A interdisciplinaridade pode constituir uma metodologia na qual se

criam espaços para encontros sistemáticos e continuados em que se

possa estudar, discutir e trocar idéias sobre suas percepções e convic- 46 Educ. bras., Brasília, v. 29, nos. 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007

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Dorilda Grolli, Lauraci Dondé da Silva, •Tamara Polenz e Tania Scuro

Mendes

ções, problematizando a realidade para construir, assim, um fazer-pen- sar pedagógico integrado e significado pelos sujeitos aprendentes.

Ao refletir a prática cotidiana, o grupo de interação insere-se no

contexto dessa realidade e analisa, por meio de um diálogo intercultural,

as diferentes relações que a permeiam, percebendo, com maior clare- za, as contradições a ela inerentes e que bloqueiam as interações peda- gógicas voltadas para o crescimento e para a transformação.

Assim, o processo implícito na ação interdisciplinar torna-se cons- trução, tanto do conhecimento quanto do sujeito.

SÍNTESE DAS CONSIDERAÇÕES TECIDAS

O estudo descrito neste artigo trata da construção continuada de

ações conjuntas envoltas em um trabalho que está em desenvolvimento

na realidade da Universidade Luterana do Brasil, constituindo um "Pro- grama de Gestão Acolhedora".

Busca-se apoio na análise da perspectiva histórica e

socioeducacional, numa abordagem intercultural e intersubjetiva, que

desvendam as categorias: identidade, qualificação e desenvolvimento,

para a compreensão do contexto educativo. O estudo tem por finalida- de conhecer a identidade do aluno em suas múltiplas características,

para pensar coletivamente os espaços em que estas identidades pos- sam se desenvolver no universo acadêmico, visando à formação do

sujeito social, além do profissional. O conceito de acolhimento traduz- se como ação pedagógica nos espaços educativos envolvendo atitudes

desencadeadas por esforços em estabelecer vínculos significativos com

o sujeito nas relações que ali se estabelecem. Representa a inclusão

das diferenças numa perspectiva multicultural de conhecimentos prévi- os, voltando-se à construção participativa do conhecimento que implica

relações interdisciplinares.

Transitando nas tramas dessas relações teóricas, as práticas

mobilizam novas direções, e o caminho investigativo prossegue.

Educ. bras., Brasília, v. 29, no' 58 e 59, p. 37-48, jan./dez. 2007 47

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Gestão acolhedora: estabelecendo vínculos com a comunidade

acadêmica

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO

INSTRUMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

Cátia Deniana Firmino Perfeito'

Resumo / Abstract

O presente artigo visa a destacar a importância da elabora- ção e da implementação do planejamento estratégico como

instrumento de gestão escolar, capaz de orientar o gestor na

realização de um trabalho sistematizado, direcionando a insti- tuição a efetivar seus objetivos. Destaca, brevemente, a rele- vância do planejamento para gestão, apresenta a origem e a

evolução do conceito de planejamento, expõe definições e

esclarece acerca dos aspectos fundamentais do planejamento

estratégico.

The present article aims at to detach the importance

the elaboration and the implementatio.n of the strategic

planning, as instrument of school administration, capable to

guide the manager in the accomplishment of a systemize work,

directing the institution to accomplish its objectives. It

detaches, briefly, the relevance of the planning for

mana gement, presents the origin and the evolution of the

planning concept, displays definitions and clar.

ifies

concerning the basic aspects of the strategic planning.

Palavras-chave / Key words

Planejamento, gestão escolar, planejamento estratégico.

Planning, school administration, strategic planning.

'Aluna especial do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Católica de

Brasília, Professora do Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação do

Distrito Federal. catiaperfeito@yahoo.com.br

Educ. bras., Brasília, v. 29, n°8 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007 49

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Planejamento estratégico como instrumento de gestão escolar

I INTRODUÇÃO

Uma das principais características da sociedade do final do sé- culo passado e início deste século é a intensidade das mudanças e das

transformações. A globalização da economia, os avanços da tecnologia

e das comunicações têm promovido grandes mudanças na sociedade e

no mundo dos negócios. Tais fenômenos influenciaram tanto o mercado

mundial quanto a demanda por força de trabalho, respaldados pelos

ditames do capital.

As instituições de ensino, a exemplo de outras organizações so- ciais, estão inseridas neste contexto de mudanças, muitas delas inespe- radas ou imprevisíveis, desafiando seus administradores. Para enfren- tar os problemas advindos desse contexto dinâmico e competitivo, os

gestores estão usando de forma crescente o planejamento estratégico.

O planejamento constitui uma função gerencial relevante em que a ins- tituição projeta-se para o futuro, delineando uma programação na qual

os objetivos são definidos, estratégias são estabelecidas e recursos são

alocados visando à sua implementação. Na prática, este processo se

reveste de grande complexidade, ocorrendo uma distância entre o pro- cesso de elaboração e sua implementação nas instituições.

O objetivo deste artigo é examinar a importância da elaboração e

da implementação do planejamento estratégico como ferramenta

gerencial, para que as instituições de ensino destaquem-se no ambiente

dinâmico e competitivo em que atuam.

II GESTÃO ESCOLAR E PLANEJAMENTO

Diante do cenário de mudanças e incertezas, os estudiosos e

teóricos vêm recolocando a dinâmica do funcionamento da escola no

centro de suas preocupações. Isto porque se reconhece que a educa- ção, numa sociedade globalizada e numa economia centrada no conhe- cimento, constitui valor estratégico para o desenvolvimento de qualquer

sociedade. Assiste-se, desta maneira, a um esforço coletivo de com- preender a relação escola-sociedade e entender como decisões inter- 50 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007

Page 45 of 143

Cátia Deniana Firmino Perfeito

nas à instituição escolar podem capacitar melhor os que atuarão na

realidade social.

Nesta perspectiva, a qualidade de ensino apresenta-se com a

mesma importância da democratização das oportunidades de acesso à

escola. Ao mesmo tempo, a gestão das escolas e dos sistemas de ensi- no é considerada fundamental para superar os obstáculos políticos e

técnicos, com objetivo de melhorar a qualidade educativa.

Segundo Nóbrega (2005, p. 32), as estratégias que visam à

melhoria da qualidade educativa são resultado do processo de reforma

do Estado, apresentando configurações que dizem respeito à organiza- ção dos sistemas de ensino. Tais reformas ocorrem sob a influência do

neoliberalismo com a sua proposta de um Estado enxuto, que minimiza

as políticas públicas. Dessa forma, nos anos 90, o foco da política edu- cacional engloba tanto o acesso quanto a qualidade da permanência do

aluno, considerando que os recursos financeiros investidos na educa- ção eram suficientes, todavia inadequadamente empregados. Sob esta

ótica; as políticas de gestão da educação foram sendo estruturadas bus- cando garantir a otimização dos recursos e uma racionalização das ações

administrativas.

Nesse contexto, a gestão é colocada como ponto central no pro- cesso de mudança dos sistemas educacionais. Todavia a centralidade

dada à gestão não se refere apenas às esferas organizadoras do siste- ma educacional, mas também ao interior de cada unidade de ensino em

que são elaboradas propostas em prol da autonomia e da

descentralização. Constata-se, então, que o termo gestão alcança um

lugar de destaque no meio acadêmico, nos movimentos sociais, no inte- rior das escolas e no discurso governamental. Esse processo também

foi resultado do movimento dos educadores que solicitavam maior po- der de decisão, melhores salários, capacitação, melhores condições de

trabalho, salários dignos e, sobretudo, uma escola democrática e de

qualidade.

Para Lück (2000a, p. 7), a gestão escolar constitui um caráter de

atuação que objetiva promover a organização, a coordenação, a

mobilização e a articulação de todas as condições humanas e materiais

Educ. bras., Brasília, v. 29, n°s 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007 51

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Planejamento estratégico como instrumento de gestão escolar

na escola, com o intuito de garantir o avanço dos processos

socioeducacionais da instituição de ensino, orientadas para o desenvol- vimento de cidadãos capazes de enfrentar adequadamente a sociedade

globalizada. Entende-se, dessa forma, que o objetivo final da gestão

escolar é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos.

Ao se discutir a gestão numa perspectiva escolar, imediatamente

pensa-se no responsável por conduzir os processos administrativos e

pedagógicos da instituição de ensino: o diretor. A ele cabe articular a

diversidade para dar-lhe unidade e consistência na construção do ambi- ente educacional e promover a formação dos alunos.

O maior desafio no que se refere à gestão escolar diz respeito à

qualificação do gestor. De acordo com Pazeto (2000, p. 163), o modelo

e o processo de qualificação dos atuais gestores estão baseados em

parâmetros tradicionais de administração, com predomínio das leis e do

comando a partir de decisões centralizadas na instância superior. Tal

parâmetro não comporta as novas demandas institucionais e sociais,

segundo as quais a gestão da educação assume um papel de desenvol- vimento institucional, social e humano.

A sociedade atual requer um diretor que não seja meramente um

tutelado dos órgãos centrais, mas uma pessoa dinâmica, capaz de gerir

eficazmente a instituição. E uma gestão eficaz está alicerçada nos pila- res da autonomia2, da liderança do diretor, da participação da comuni- dade e da existência de recursos sob controle local.

Diante das atuais demandas, exige-se uma profunda revisão da

formação dos gestores educacionais. Segundo Pazeto (2000, p. 165),

recomenda-se uma formação básica sólida em educação, com domínio

das ciências que lhe dão fundamentação, conhecimento científico e téc- nico em gestão de instituições e formação continuada, visando à associ- 2Cf. Lück, Heloisa. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Gestão em

Rede, Brasília, n. 19 , p. 8-13, abr. 2000. "Autonomia, no contexto da educação,

consiste na ampliação do espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola

como organização sociál comprometida com a sociedade, tendo como objetivo a

melhoria da qualidade do ensino" (p. 21).

52 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007

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Cátia.

Denlana Firmino Perfeito

ação entre conhecimentos e experiências. O conhecimento científico e

técnico em gestão envolve a capacidade de colocar em prática princí- pios básicos de administração: planejar, coordenar, dirigir, controlar e

avaliar.

Um dos princípios básicos da administração que vem merecendo

maior atenção das instituições de ensino é o planejamento. Planejar

implica um comprometimento com a ação. O planejamento só tem

significância quando é implementado e avaliado de acordo com a con- secução de seus objetivos; caso contrário, resumir-se-á a uma coletâ- nea de intencionalidades que não trazem benefícios reais à organiza- ção.

Um dos grándes desafios da gestão das instituições de ensino é

desenvolver uma maior capacidade de resposta às demandas externas.

Para isso, é necessário que seus gestores sejam capazes de utilizar

diferentes abordagens de planejamento, a fim de que as instituições

possam atingir seus objetivos e cumprir sua missão.

III ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE

PLANEJAMENTO

O planejamento sempre foi um instrumento importante para o

ser humano, em qualquer setor da vida em sociedade: na empresa, em

casa, no governo e também na escola. Planejar torna possível estabele- cer o que queremos a curto, médio e longo prazos; antecipar situações;

organizar as atividades; estabelecer prioridades; avaliar. Entretanto, no

setor empresarial, o movimento de planejar as ações para se chegar

aos fins da instituição decorreu de mudanças ambientais, num lento

processo.

De acordo com Tavares (2000, p. 21), as primeiras contribuições

para a construção da teoria sobre planejamento surgiram em 1904, por

meio da primeira consultora de empresas norte-americana Mary Parker

Follet. Mas foi com Taylor e Fayol, ao estudarem o fenômeno

organizacional, que surgiu na literatura a noção de planejamento.

Educ. bras., Brasília, v. 29, nos. 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007 53

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Planejamento estratégico como Instrumento de gestão escolar

A revolução industrial deu origem ao estudo sistemático do trabalho

e dos princípios da organização e do planejamento. Taylor, pai da adminis- tração científica, dedicou-se ao estudo do fenômeno da produtividade da

organização, concluindo pela distinção entre as funções de direção das fun- ções de execução. Foi ele quem substituiu o planejamento empírico pelo

planejamento que interviesse como função de direção e como instrumento

de organização e padronização do trabalho, sendo uma função que caberia

aos diretores. Taylor foi o precursor da análise interna como elemento do

processo de planejamento estratégico.

Fayol, por sua vez, estudou o fenômeno da produtividade, partin- do das diversas funções estruturais. Segundo Arguin (1988, p. 17), a

função de planejamento foi chamada por Fayol de previsão, aparecen- do no primeiro plano do processo administrativo: prever, organizar, co- mandar e controlar. Prever significa sondar o futuro e supõe a determi- nação do fim e dos meios para alcançá-lo. A previsão de Fayol prefigura

os elementos de planejamento estratégico que se encontram na literatu- ra contemporânea.

O processo administrativo de Fayol foi retomado por diversos

autores, tornando-se um quadro de referência para explicar a função

administrativa no interior da organização. Cabe destacar que o planeja- mento aparece como elemento principal do processo, definindo-se em

termos de fins e meios para atingir os objetivos da organização. Arguin

(1988) apresenta o modelo administrativo para definir a tarefa do presi- dente dos Estados Unidos, que se refere às seguintes atividades:

PLANNING: fazer o plano das coisas a executar e propor os

métodos para atingir os fins da organização.

ORGANIZING: estabelecer as estruturas formais da autoridade,

com seus diferentes níveis.

STAFFING: recrutar o pessoal e criar condições favoráveis de

trabalho.

DIRECTING: dirigir a empresa pelo processo contínuo de toma- da de decisão.

COORDINATING: relacionar em um todo harmônico as diversas

atividades do plano de ação.

54 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007

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Cátia Deniana Firmlno Perfeito

REPORTING: informar aos intermediários por meio de relatórios.

BUDGETING: realizar as diversas atividades: o planejamento

financeiro, a contabilidade e a verificação (p. 18).

Este modelo, que à primeira vista parece simplista, tornou-se re- ferência para diversos autores. Todavia ele foi criticado por apresentar

um caráter estático, uma vez que analisava as condições para assegu- rar a eficiência de uma organização, abandonando o aspecto dinâmico

e criativo que envolve o processo de planejamento.

Nos últimos anos da década de 1960, autores como H. Igor Ansoff

(1965) se interessaram pelo aspecto dinâmico e estratégico da organi- zação, analisando o ambiente externo como um elemento que influenci- ava o alcance dos objetivos traçados. Esse enfoque foi continuado nos

anos 1970 e 1980 por autores como Vancil e Lorange (1975), Hofer e

Schendel (1978).

De acordo com Tavares (2000, p. 22), estudiosos como Gluck,

Kaufman e Walleck (1981) analisaram o processo de planejamento e

constataram elementos comuns que permitiram traçar a seguinte evo- lução do processo: planejamento financeiro, planejamento a longo pra- zo, planejamento estratégico e gestão estratégica. Cada etapa

categorizada engloba elementos às contribuições da anterior num movi- mento de eliminação das distorções.

Nas décadas de 1950 e 1960 predominou o chamado planeja- mento financeiro, que tinha no orçamento o principal instrumento de

controle e operacionalização da gestão. Na década de 1970 vigorou o

planejamento a longo prazo que priorizou os objetivos a serem alcança- dos em prazos longos, entretanto não previa mudanças. Na década de

1980, privilegiou-se o planejamento estratégico que definia estratégias

que se desenvolveriam num período de tempo variável, considerando a

análise dos ambientes externo e interno. O principal problema desse

tipo de planejamento foi a dissociação entre o planejamento e sua

implementação. Finalmente, na década de 1990 surgiu a gestão estraté- gica, diferenciando-se pela abordagem equilibrada de todos os recursos

da organização para consecução de seus fins.

Educ. bras., Brasília, v. 29, n's 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007 55

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Planejamento estratégico como Instrumento de gestão escolar

Gradualmente, as universidades passaram a se preocupar com o

planejamento de suas ações. Inicialmente, o planejamento caracteriza- va-se por ser de longo prazo, de 5 a 10 anos. Posteriormente, o movi- mento de planejamento estratégico atinge as universidades, tendo como

principais pesquisadores e defensores Robert Cope (1978) e Robert

Shirley (1979).

O planejamento estratégico, segundo Arguin (2000, p. 20), supõe

que o sistema universitário é um sistema aberto e dinâmico, sensível ao

ambiente externo. Diante disso, o planejamento se torna um processo

continuado, centrado na qualidade das intervenções, a partir da análise

de dados quantitativos e qualitativos do ambiente interno e externo.

Diferentemente, a abordagem do planejamento convencional estabele- ce que a instituição superior de ensino é um sistema fechado que permi- te a elaboração de um planejamento definitivo, de acordo com dados

quantitativos do ambiente interno.

IV PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Como foi mencionado, o meio universitário incorporou, aos pou- cos, o conceito de planejamento estratégico como importante instru- mento da gestão. Tornou-se um elemento que orienta os gestores a

pensarem nos aspectos essenciais e a concentrarem esforços nos as- suntos de relevância, para que a instituição possa enfrentar as ameaçàs

e aproveitar positivamente as oportunidades de seu ambiente.

Do grego stratégos, que significa "general", e tem, portanto, conotação

militar, o planejamento estratégico é assim definido por Arguin (2000):

(...) é um processo de gestão que apresenta, de maneira integra- da, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da for- mulação da filosofia da instituição, sua missão, sua orientação,

seus objetivos, suas metas, seus programas e as estratégias a

serem utilizadas para assegurar sua implantação (p. 23).

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Cátia Deniana Firmlno Perfeito

Esse processo é expresso de acordo com a estrutura da organi- zação, com sua cultura, com a tecnologia disponível e, como acima

citado, tendo em conta o ambiente a partir de uma reflexão sistemática

sobre a instituição que gerará dados quantitativos e qualitativos capazes

de orientar as decisões.

Dessa forma, o planejamento estratégico é um processo que parte

da realidade complexa e dinâmica da organização, envolvendo a toma- da de decisão nas diversas etapas que o compõem. Segundo Lück (2000b,

p. 12), as etapas de elaboração do planejamento podem ser assim des- critas: análisé do ambiente interno e externo; diagnóstico; definição da

missão, da visão de futuro e valores; objetivos estratégicos; plano

operacional; questões estratégicas; metas; plano de ação e controle.

1 Análise do ambiente interno e externo

A partir do momento em que se decide por utilizar o planejamen- to estratégico como ferramenta de gestão, deve-se sensibilizar a equipe

que participará do processo de elaboração e de implementação. O com- prometimento dos envolvidos é fundamental para que o planejamento

não se torne algo meramente burocrático. A sensibilização envolve

mostrar à equipe a necessidade de tal planejamento, suas vantagens e o

papel de cada um na sua elaboração e implementação. Após esse mo- mento, inicia-se o processo de análise do ambiente interno e externo.

A análise é feita de maneira interativa, identificando suas possi- bilidades e cenários, por meio de bases conceituais que apresentem um

referencial para compreensão da realidade, utilizando, para isso, a cole- ta de dados quantitativa e qualitativa. A análise do ambiente externo

envolve o processo de identificação de oportunidades, ameaças, forças

e fraquezas que afetam a organização no cumprimento de sua missão.

E, do interno, objetiva evidenciar as deficiências (pontos fracos) e as

qualidades (pontos fortes), com o intuito de estabelecer quais são os

aspectos que tornam a instituição única no mercado.

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Planejamento estratégico como Instrumento de gestão escolar

2 Diagnóstico

É a avaliação real da posição da instituição. Nesta etapa são

considerados os aspectos internos e externos a partir dos dados consis- tentes levantados durante a análise do ambiente interno e externo.

3 Definição da missão, visão de futuro e valores

A missão de uma empresa refere-se às suas finalidades históri- cas, jurídicas e sociais. É uma declaração sobre sua razão de ser, esta- belecendo seu propósito e seu horizonte de atuação. Serve de critério

geral para orientar a tomada de decisões, para definir objetivos e auxi- liar na escolha das decisões estratégicas.

A visão de futuro representa um estado futuro desejável da orga- nização, indicando como esta pretende ser reconhecida. É uma proje- ção das oportunidades futuras da organização e uma concentração de

esforços na sua busca.

Os valores são idéias fundamentais em torno das quais a organi- zação foi construída. Representam as convicções dominantes e as cren- ças. São elementos motivadores que direcionam as ações das pessoas

da organização, contribuindo para a unidade e coerência do trabalho.

4 Objetivos estratégicos

São os resultados quantitativo ou qualitativo que a organização

precisa alcançar em um prazo determinado, no contexto de seu ambi- ente, para concretizar sua visão de futuro e sua missão.

5 Plano operacional

O plano operacional define detalhes da operação do negócio, tais

como: o número de pessoas, a sua capacitação técnica, as tarefas a

executar, os procedimentos e tudo que possa ser planejado para garan- tir a qualidade dos processos.

58 Educ. bras., Brasília, v. 29, n°358 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007

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Cátia Denlana Firmino Perfeito

6 Questões estratégicas

As questões estratégicas permitem conduzir a instituição da po- sição que ocupa para outra que corresponda aos objetivos desejados.

Definir estratégias significa traçar caminhos necessários para o alcan- ce das metas.

7 Metas

São quantificadores dos objetivos e permitem melhor alocação

de recursos, na medida em que se constituem um padrão de referência

para o planejamento.

8 Plano de ação

Implementa as estratégias por meio de instruções claras, estabe- lecendo-se o quê, como, quem será o responsável, quanto custará e o

cronograma a ser seguido.

9 Controle/avaliação

Deverá ser freqüente para conferir se as ações estão sendo execu- tadas. Esta é a fase em que são medidos os desempenhos, checados os

orçamentos, obtidas e analisadas as informações de cada responsável, apre- sentadas medidas para correção de rumo, caso seja necessário.

Na empresa privada, o planejamento estratégico está voltado para

as mudanças nas atitudes e atividades empresariais que dizem respeito

à conquista de maior competitividade e melhor desempenho. Procura- se assegurar o aumento da posição da organização no mercado, melhoria

dos níveis de satisfação dos clientes e maior rentabilidade. Numa uni- versidade pública, o planejamento estratégico não está voltado à busca

do produtivismo. Espera-se que a instituição passe por mudanças que

atendam aos seus objetivos de expansão, sua liderança acadêmico-ci- entífica na região, no país ou no mundo; isto é, busca-se o aumento da

eficiência social e melhoria do desempenho da universidade.

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Planejamento estratégico como instrumento de gestão escolar

V CONCLUSÃO

Neste artigo, procurou-se destacar a importância do planejamen- to, evidenciando-o como uma ferramenta útil à gestão das instituições.

Foi apresentado o conceito de planejamento estratégico e foram descri- tas etapas relevantes para elaborá-lo.

Historicamente, o planejamento tem sido elaborado numa pers- pectiva burocrática, envolvendo o preenchimento de formulários, as

reproduções de anos anteriores e o atendimento às orientações de ins- tâncias superiores do sistema de ensino de forma acrítica. O planeja- mento encarado como uma obrigação burocrática em nada contribui

para que a instituição escolar atinja um grau de excelência. Ele deve

ser encarado como um instrumento fundamental e dinâmico da gestão,

capaz de orientar as ações rumo ao alcance dos objetivos delineados.

Nesse sentido, a gestão também deve assumir uma função de

destaque no interior das instituições. Segundo Pazeto (2000, p.166), a

gestão das instituições de ensino é uma atividade que desafia seus ges- tores, uma vez que a cultura da organização apresenta ritmos próprios,

os quais exigem do administrador uma fundamentação teórica consis- tente, associada à flexibilidade e atenção à realidade. Deve-se conside- rar, ainda, a capacidade de liderar e coordenar o processo de alinha- mento da missão, das políticas da instituição e dos diferentes tipos ,de

planejamento.

A gestão centrada na competência técnica e teórica do gestor

constitui fator determinante para que a instituição escolar possa ofere- cer uma educação de qualidade, comprometida com a formação de

homens e mulheres competentes, capazes de intervir positivamente na

sociedade na qual estão inseridos.

60 Educ. bras., Brasília, v. 29, n°8 58 e 59, p. 49-61, jan./dez. 2007

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Cátia Deniana Firmino Perfeito

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de Valdemar Cadó. Brasília: Conselho de Reitores das Universidades

Brasileiras, 1988.

LÜCK, H. Gestão escolar e formação de gestores. Em Aberto, Brasília, v. 17,

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www.publicacões.inep.gov.br/arquivos/{7F F1DC84-64A4-42B8-B810-

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. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Gestão em

Rede, Brasília, n. 19, p. 8-13, abr. 2000. Disponível em: <http://

www.crmariocovas.sp.gov.br/pdffluck_planejamento.pdf>. Acesso em: 13

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NOBREGA, C. L. O Plano de desenvolvimento da escola (PDE) numa

perspectiva de governo democrático e popular: uma análise da experiência

na Rede de Ensino do Recife — PE. 2005. Dissertação (Mestrado em Educa- ção) — Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Disponível em: <http://

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PAZETO, A. E. Participação: exigências para a qualificação do gestor e

processo permanente de atualização. Em Aberto, Brasília. v. 17, n. 72, p. 163-

166, fev./jun. 2000. Disponível em: <http://www.publicacões.inep.gov.br/

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Acesso em: 10 jun. 2002, 15:20.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM MODELO

ACADÊMICO'

Pedro Ronzelli Júnior'

José Augusto Pereira Brito'

Solange Giardino4

Resumo / Abstract

O objetivo do trabalho é apresentar o processo estratégico

e metodológico da implantação do ensino a distância (EaD)

para a Universidade Presbiteriana Mackenzie, de acordo com

as exigências do Ministério da Educação, incluindo a análise

estratégica do mercado e da infra-estrutura disponível na Ins- tituição. O plano elaborado inclui o ambiente virtual de ensi- no-aprendizagem, as plataformas, a formação de professores,

a montagem dos pólos, o modelo dos cursos, a sistemática de

participação e a descrição dos integrantes da equipe.

The objective is to present the strategic and

methodological process of the e-Learning implantation at

Universidade Presbiteriana Mackenzie, according to the

Brazilian Education Ministry exigencies, including

marketing and infra-structure strategies analyses available

' Parte da monografia dos autores apresentada no Curso de Estratégia e Gestão de EaD

da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, SP, 2007.

2Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Fitotecnia, Especialista em Gestão e

Liderança Universitárias, Especialista em Estratégia e Gestão de EaD, Vice-Reitor da

Universidade Presbiteriana Mackenzie. vicereitoria@mackenzie.br

Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia e Doutor em Ciências da Comunicação,

Especialista em Engenharia de Computação e em Estratégia e Gestão de EaD, Geren- te de Tecnologia da Informação do Instituto Presbiteriano Mackenzie.

brito@mackenzie.br

Psicóloga; Mestranda em Educação, Arte e História da Cultura; Especialista em

Estratégia e Gestão de EaD; Coordenadora de EaD do Instituto Presbiteriano

Mackenzie. solangegiardino@mackenzie.br

Educ. bras., Brasília, v. 29, n". 58 e 59, p. 65-83, jan./dez. 2007 65

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Educação a distância: um modelo acadêmico

at the Institution. The plan elaborated includes the virtual

environment for learning mana gement systems, platforms, •

professors training, poles set up, courses framework,

participation model, and team description.

Palavras-chave/ Key words

Educação a distância (EaD), formação de professores, am- biente virtual de aprendizagem.

E-learning, teachers formation, learning mana gement

system.

1 INTRODUÇÃO

A educação a distância (EaD) é uma modalidade educacional pre- vista no art. 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) —

Lei n° 9.394/1996. Caracteriza-se como a modalidade educacional na qual

a mediação didático-pedagógica, nos processos de ensino e aprendizagem,

ocorre com a utilização de meios e Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), em que os estudantes e professores desenvolvem

atividades educativas em lugares e/ou tempos diversos (art. 1° do Decreto

n° 5.622/2005). O aluno terá contato com tutores virtuais e realizará parte

das atividades previstas nas disciplinas por meio das TICs.

2 A INSTITUIÇÃO

A semente foi a escola fundada em 1870 pelo casal de missioná- rios americanos Reverendo George Witherhil Chamberlain e Sra. Mary

Annesley Chamberlain, na casa deles, acomodando três alunos, sendo

professora a própria Sra. Chamberlain. A pequena escola cresceu e,

em 1896, nasceu o Curso Superior de Engenharia, vinculado à Univer- sidade do Estado de Nova York [State University of New

York (SUNY) — www.suny.edu]. Surgia o Mackenzie College, de- nominação utilizada até a obtenção da autonomia acadêmica, em 1927.

Em 1952 foi instalada a Universidade Mackenzie, integrada pela

Escola de Engenharia; Faculdade de Arquitetura; Faculdade de Filoso- 66 Educ. bras., Brasília, v. 29, n" 58 e 59, p. 65-83, jan./dez. 2007

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

fia, Ciências e Letras e Faculdade de Economia. Em 1997 foi explicitada

a identidade confessional, passando a ser denominada Universidade

Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Com 137 anos de tradição, pioneirismo e alto padrão de ensino,

completados em outubro de 2007, a Instituição Mackenzie continua na

busca incessante de seus desígnios educacionais, aprimorando os cur- sos existentes e oferecendo novas opções de acordo com a exigente

demanda do mercado de trabalho globalizado.

3 EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO VIRTUAL

Desde 2003 os recursos virtuais das novas TICs passaram a ser

utilizados em larga escala nos Colégios Presbiterianos Mackenzie. Assim,

surgiu no Mackenzie o portal eMack (www.emack.com.br), um canal

permanente de informação, comunicação e serviços educacionais digi- tais para a integralidade de alunos, pais e professores, além de ser aber- to para outros membros da comunidade.

Esta metodologia de *ambiente e serviços virtualizados já está

bem consolidada, sendo o Projeto eMack o vencedor do Prêmio e- Learning Brasil 2006, na Categoria Educacional Gold. O eMack

complementa a sala de aula, possibilitando o acesso a serviços como,

por exemplo: boletim e acompanhamento escolar diário; agenda de ta- refas e eventos; pergunte ao professor; conteúdo segmentado por série

e canal de comunicação por intermédio de ambiente de aprendizagem

colaborativa, na qual são disponibilizados textos complementares, listas

de exercícios, biblioteca digital, bases de dados digitais, avaliações, con- teúdo de simulados e websites comentados.

O sucesso do Projeto eMack contribuiu para que a Instituição

continuasse a fazer os investimentos sistemáticos em educação virtual,

considerando o Planejamento Estratégico e suas diretrizes, que são

atualizados a cada dois anos. Dessa forma foram iniciadas as ações na

Universidade, dando vida ao Mackenzie Virtual (MackVirtual), que aco- lhe tanto a Educação Distribuída (ações virtuais complementares às

Educ. bras., Brasília, v. 29, n's 58 e 59, p. 65-83, jan./dez. 2007 67

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Educação a distância: um modelo acadêmico

presenciais) quanto a EaD, ambas de significativa importância para os

projetos de ensino: presencial e/ou virtual. .

O Projeto Mack Virtual foi iniciado, ainda sem esse nome, no ano

de 2000, contando com ações pontuais em algumas áreas da UPM.

Em 2005, a reitoria assumiu o processo de implantação. Nesse mo- mento, o projeto foi revisto, em ação conjunta com a Divisão de

Tecnologia da Informação (DTI) da Entidade Mantenedora da UPM,

para efetiva utilização nas mais variadas dimensões.

O MackVirtual compreende um espaço interativo on-line, dispo- nível para apoio aos cursos regulares da Instituição, e ainda comporta

as novas demandas para educação virtual do modelo EaD. Destacam- se, entre outras, as seguintes funcionalidades:

• Gestão de disciplinas com, pelo menos, programa, professo- res, objetivos, metodologia, critérios de avaliação e bibliogra- fia;

• Disponibilização de conteúdos didáticos, como apresentações,

textos complementares, notas de aula, artigos, casos, exercí- cios, trabalhos, tutoriais, vídeos e simulações;

• Controle de postagem de arquivos, tanto de entrega

. parcial

ou final de trabalhos quanto de compartilhamento para ações

em grupo;

• Comunicação eletrônica assíncrona e síncrona, como páginas

de avisos, listas de e-mail, fóruns de discussão, chats, salas

de aulas virtuais, diálogos, wikis, blogs e glossários;

• Avaliação on-line contemplando, entre outros, questões com

feedback automático, autocorreção e publicação individuali- zada de notas.

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

4 PÚBLICO-ALVO

A estratégia de enfoque para a oferta dos cursos na modalidade

EaD, nos quais há predominância de ações virtuais, difere da educação

preferencialmente presencial, em face do perfil do alunado. O aluno

dos cursos de EaD, em geral, é mais velho e mais comprometido com a

atividade fim, o que representa uma das razões essenciais para o su- cesso desse modelo.

A Instituição busca a qualidade no ensino-aprendizagem, padrão

associado à sua "Tradição e Pioneirismo na Educação"; assim, prepa- ra-se para atender à demanda do mercado emergente. Nessa busca,

outras variáveis deverão ser levadas em consideração, tais como tipo,

duração e custo dos cursos, pólos regionais e outras.

5 ANÁLISE ESTRATÉGICA

A análise estratégica, ou análise de Strengths, Weaknesses,

Opportunities and Threats (SWOT), que corresponde aos Pontos For- tes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças, foi essencial para a de- finição do curso inicial e de outros procedimentos que levaram à deci- são por utilizar a modalidade de EaD na UPM. É importante voltar a

destacar que o Planejamento Estratégico da Instituição contempla as

ações direcionadas para EaD, definindo claras diretrizes para a conse- cução dos objetivos propostos.

A tradição centenária do Mackenzie é o seu principal Ponto For- te. As ações educacionais têm sido pioneiras e inovadoras. Além dis- so, a Instituição tem sede com localização privilegiada, no centro da

cidade de São Paulo; é Instituição comunitária e filantrópica, sem fins

lucrativos; oferece bolsas de estudo parciais ou totais para alunos ava- liados como carentes; preocupa-se com a formação "para a vida", ou

seja, o aluno não é considerado como um mero "cliente". O Mackenzie

mantém vínculo com o antigo aluno e sua família, por meio do projeto

"Prá Sempre Mackenzista" (www.mackenzista.com.br).

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

vez que a UPM poderá ocupar seu espaço (market share) na oferta

de cursos em EaD no mercado brasileiro.

• A velocidade de mudanças das tecnologias evidencia um cenário

com variáveis de características imprevisíveis e inevitáveis, presentes

em todo o contexto da educação, permeada por novas tecnologias, o

que ocorre também no ensino tradicional, apresentando-se como a mais

forte das Ameaças ou Fatores de Risco. Dependendo de como o as- sunto for tratado institucionalmente, isso pode causar instabilidade e

perda de competitividade na oferta de cursos. A este cenário estão

associados custeios e investimentos crescentes em infra-estrutura, equi- pamentos, sistemas, suporte técnico, entre outros, bem como custos de

contínua capacitação de todos os atores organizacionais envolvidos, quais

sejam, pessoal administrativo e corpo docente. Do mesmo modo, modi- ficações na legislação por parte de governos local, estadual e federal,

ou de seus órgãos certificadores e reguladores, podem trazer instabili- dade representando Ameaças ou Fatores de Risco.

6 PORTFOLIO DE CURSOS

Os cursos de graduação passarão por reestruturação gradual para

utilizar o que dispõe a Portaria do MEC n° 4.059, mais especificamente

o texto do § 2° ora transcrito: "Poderão ser ofertadas as disciplinas

referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não

ultrapasse 20% da carga horária total do curso". Da mesma forma,

gradualmente, as ações parciais de e-Learning serão potencializadas

nos programas de pós-graduação e nos cursos de extensão.

Destaca-se que no nível de pós-graduação lato sensu está o

ambiente que se considera apropriado para aplicação das novas técni- cas, uma vez que o público que procura esses cursos já é mais maduro

e esclarecido para aproveitar adequadamente cursos em que a maioria

das ações do aluno ocorre fora da sala de aula. Isso é totalmente

diverso de tudo que se utilizou até o presente. Sem dúvida, essa

constatação pode ser aplicada para os cursos de extensão e cursos

para áreas corporativas e/ou administrativas das organizações.

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Glardino

7.2 Centro de rádio e televisão

A UPM dispõe de um Centro de Rádio e Televisão (CRT), como

suporte essencial para concretizar as etapas de modificações previstas

pelas técnicas de e-Leaming, que atende alunos, professores e funcio- nários. A equipe do CRT presta serviços de apoio educacional, forne- cendo equipamentos audiovisuais e toda infra-estrutura necessária à

produção de vídeos científicos, didáticos, de treinamentos e institucionais,

bem como os programas da TV Mackenzie, incluindo: a) suporte a gra- vações dentro e fora de estúdios; b) desenvolvimento e implantação de

projetos técnicos de áudio e vídeo e c) viabilização de transmissões ao

vivo, via satélite, internet e videoconferência. Os principais recursos

tecnológicos disponíveis por intermédio do CRT são descritos a seguir:

• Sistema de transmissão via satélite com uplink na unidade- sede, em São Paulo, SP, com cobertura de downlink em todo

o território nacional, desde 1998. Há alguns anos, o Mackenzie

já montou infra-estruturas de downlink satelital em centenas

de localidades em todo o Brasil, disponibilizando, inclusive, os

equipamentos das pontas, tais como antenas receptoras,

decodificadores e aparelhos de TV.

• Estúdios de gravação de TV, áudio e vídeo, em ambientes

com tecnologias totalmente digitais.

• Laboratórios especializados em novas tecnologias de TV Di- gital, Satélite, Internet e Novas Mídias de Comunicação.

• Auditórios com infra-estrutura disponível para transmissões

via teleconferência por ISDN ou IP.

• Sistema de captura, armazenamento e distribuição de vídeos di- gitais integrado à rede intranet e à rede internet da Instituição.

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Educação a distância: um modelo acadêmico

8 MODELO DE NEGÓCIO E DE OPERAÇÃO

Visa a atender a demanda interna dos planos educacionais den- tro da visão e missão da Entidade Mantenedora, para cursos lato sensu

e de extensão, incluindo suas grandes áreas na modalidade a distância.

O Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ),

também vinculado à Entidade Mantenedora, desde 1999 pratica ações

de EaD voltadas para cursos de extensão. Nesse contexto, a Institui- ção, atendendo ao Planejamento Estratégico de EaD, tem fomentado e

incentivado o desenvolvimento científico por meio das novas TICs, des- tacando-se que eventos educacionais virtuais, de caráter nacional e/ou

internacional, têm ocorrido constantemente, tais como cursos, simpósios

e workshops, com a utilização das novas TICs, baseadas em internet e

satélite, entre os quais:

• Primeiro MoodleMoot Brasil 2007, congresso que promove o

encontro dos usuários, futuros usuários, administradores e

desenvolvedores do ambiente Moodle no Brasil, uma realiza- ção da UPM associada à Fundação Bradesco;

• XVIII edição do Simpósio Brasileiro de Informática na

Educação (SBIE 2007), em realização da UPM, associada à

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

9 METODOLOGIAS DE ENSINO E ESTRATÉGIAS DE

APRENDIZAGEM

9.1 Alunos

Os cursos em EaD permitem maior flexibilidade na participação

do aluno e requerem que ele gerencie melhor seu tempo, realizando as

tarefas nos momentos mais adequados à sua agenda. Os encontros

presenciais fios Pólos (item 9.3) são agendados previamente. Ali a

freqüência do aluno é regida pela natureza das disciplinas. Algumas

disciplinas podem requerer maior freqüência, em função da necessida- de de tarefas nos laboratórios.

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

Parte essencial do processo de aprendizagem é o desénvolvi- mento da metodologia de participação do aluno que requer a disposição

pessoal para ler, escrever, comunicar pensamentos e idéias, apresentar

dúvidas e dificuldades aos tutores, colegas e professores. O aluno pre- cisa se interessar em aprender as novas TICs para utilizá-las como

instrumentos de acesso aos conteúdos ministrados. É necessário que

desenvolva competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao

estudo e à realização de tarefas.

9.2 Utilização do ambiente virtual e dos espaços de

aprendizagem

O ambiente virtual de aprendizagem Moodle é utilizado como

plataforma padrão de ensino-aprendizagem do Mackenzie Virtual e tem

sido amplamente difundido junto ao corpo docente, por meio de cursos

introdutórios, mostrando as possibilidades de comunicação e interação

de que dispõem. Comvistas a estabelecer a cultura de utilização, têm

sido também imprescindíveis ações junto aos estudantes. Estas iniciati- vas aproveitam o interesse natural dos jovens estudantes pelas TICs e

permitem utilizá-las para transformar a sala de aula em espaço de apren- dizagem ativa e de reflexão coletiva.

9.3 Pólos

O pólo é o local físico-geográfico para acesso presencial dos

alunos. Deve estar localizado em região que permita menor e mais

fácil deslocamento do estudante, a partir de sua residência ou local de

trabalho. Deve ser estruturado de modo a atender adequadamente os

alunos na modalidade de EaD.

Nos Pólos encontram-se, entre outros, biblioteca, sala de estu- dos, laboratórios de informática com acesso à internet banda larga e

equipamento de downlink para receber sinais de satélite, local para o

atendimento por tutores presenciais e salas de aulas por meio desiste- mas de videoconferência. Nestes locais são realizadas as "aulas

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

9.5 Conteúdos

Os professores especialistas são os responsáveis pelos conteú- dos. São orientados sobre a melhor forma de disponibilizá-los. A cons- trução de Objetos de Aprendizagem (Learning Objects — LO) mais

elaborados, com animação e interatividade, é normalmente realizada

por urna empresa especializada, garantindo a qualidade técnica e de

design, além da manutenção da identidade visual nas diversas discipli- nas do curso.

Utiliza-se, de modo geral, um padrão de modelagem para a cria- ção das disciplinas que inclui o logotipo da Instituição, nome da discipli- na, semestre, nome do professor e ementa, calendário do curso e um

fórum de notícias para que o professor possa enviar avisos.

9.6 Sistemática de participação

Os cursos, atendendo aos critérios do MEC para EaD, têm mo- mentos presenciais. A freqüência é determinada pela natureza da área

do curso oferecido. O encontro presencial no início do processo é im- portante para que os alunos se conheçam entre si, conheçam os profes- sores e demais componentes da equipe, além dos servidores locais.

Quanto maior o envolvimento e a participação do aluno, maior é o apro- veitamento, o que contribui para a redução na taxa de evasão.

• O portal da UPM disponibiliza diversos tutoriais on-line e/ou para

impressão sobre os principais serviços disponíveis no ambiente de EAD.

Existe a preocupação institucional de orientar o estudante desde como

efetuar seu login, passando por recuperação de senha, abertura de

novas disciplinas, até como utilizar os recursos mais avançados de co- municação interativa.

9.7 Avaliação no pólo

Os cursos são avaliados de forma presencial, nos pólos, sob a

responsabilidade de professor ou tutor, além de avaliações contínuas a

Educ. bras., Brasília, v. 29, n's• 58 e 59, p. 65-83, jan./dez. 2007 77

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Educação a distância: um modelo acadêmico

distância, auto-avaliações, trabalhos em grupo, relatórios, exercícios e

tarefas.

9.8 Capacitação

Cursos de capacitação para os professores de toda a UPM es- tão sendo realizados desde o primeiro semestre de 2007. A ênfase

especial está centrada no ensino-aprendizagem virtual baseado na pla- taforma Moodle e em diversos outros recursos pedagógicos e

tecnológicos, incluindo o uso do segmento de satélite mantido pela Ins- tituição. Foi criado um laboratório com infra-estrutura especial para a

capacitação dos professores, dispondo dos recursos necessários para

as diferentes etapas da nova vista do ensino-aprendizagem.

Os cursos têm como base as novas TICs e os ambientes de e- Learning.

Foram organizados seguindo os tópicos:

Fundamentos pedagógicos e tecnológicos

• A influência das TICs na sociedade e na educação.

• Organização e construção da ação educativa em ambientes

virtuais.

• Sistemas e operações lógicas de busca de informação na Web.

• Uso de bancos de dados digitais e bibliotecas on-line.

Conhecimento e manuseio da Plataforma Moodle

• A plataforma de gerenciamento de aprendizagem Moodle.

• Interagindo, como aluno, no espaço virtual.

• Oficina 1— Explorando o Moodle.

• Oficina II— Construindo um curso.

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

O docente, o discente e as ferramentas interativas no e-learning

• A importância da interação no ambiente virtual de aprendiza- gem — os papéis de professor e aluno.

• Ferramentas de comunicação interativas presentes no Moodle,

incluindo as potencialidades pedagógicas de fórum, wiki, chat,

portfólio e blogs.

• Fundamentos do trabalho docente (professor/tutor) em ambi- entes virtuais.

Um centro de apoio ao professor é mantido com profissionais e

infra-estrutura tecnológica, para que os professores possam aprender e

se desenvolver, continuamente, na utilização das potencialidades das

tecnologias disponíveis na Instituição.

9.9 Equipes

A equipe responsável pela elaboração e acompanhamento peda- gógico das atividades é composta por professores especialistas/

conteudistas, design instrucional, tutores a distância, tutores ou

facilitadores locais e equipe de suporte. Os professores são estimula- dos a participar dos cursos de capacitação nas TICs para vivenciar a

aplicação das principais ferramentas, de modo a sensibilizá-los e criar

uma cultura de utilização desses recursos digitais, para que as estraté- gias de ensino-aprendizagem sejam instigantes e motivadoras.

A equipe técnico-administrativa do pólo faz a manutenção das

instalações em sua estrutura física, a coordenação das atividades do

pólo e a tutoria presencial. Também é responsável pela montagem da

grade de horários das disciplinas, de tal modo que permita aos alunos

organizarem suas agendas para execução das atividades presenciais,

em diferentes dias e diferentes períodos.

Em seguida é apresentado um descritivo sumário dos principais

membros das equipes.

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Educação a distância: um modelo acadêmico

9.9.1 Coordenador de curso

É o professor responsável por gestão e qualidade do curso. Ne- cessariamente é um especialista em estratégia de gestão. Acompanha

e orienta todos os diferentes profissionais envolvidos.

9.9.2 Professor autor/especialista

E o professor especialista na temática da disciplina, sendo de

reconhecido prestígio. É responsável pela produção do conteúdo espe- cífico e quem prepara o material didático original da disciplina. Em

geral não ministra as aulas.

9.9.3 Professor tutor/apresentador

É o professor especialista na temática da disciplina, sendo de

reconhecido prestígio. É quem ministra as aulas por videoconferência

de um studio.

9.9.4 Designer instrucional

É o profissional com largo conhecimento de pedagogia e de

tecnologias interativas, responsável por transformar e adequar o con- teúdo disponibilizado pelo professor autor/especialista para a platafor- ma virtual de aprendizagem (Moodle), por meio da criação do story

board do curso e desenvolvimento do lay out para posterior formatação

do material didático a ser entregue ao aluno, entre outros, tutoriais, bibli- otecas virtuais, textos, animações, fotos, digitalização e criação de ima- gens, captura e edição de áudio e vídeo.

9.9.5 Web designer

É o profissional da área de design e comunicação visual que, sob

a orientação do designer instrucional, é o responsável técnico pelo

desenvolvimento do material didático.

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Pedro Ronzelli Júnior, José Augusto Pereira Brito e Solange

Giardino

9.9.6 Professor-tutor a distância

É o orientador acadêmico responsável por atendimento e acom- panhamento virtuais dos alunos. Deve ter formação superior compatí- vel com o conhecimento específico da disciplina. Deve também ter

amplo domínio das plataformas utilizadas, para garantir a resolução de

problemas no uso do ferramental. Estimular, motivar e contribuir para o

desenvolvimento da capacidade de organização e de realização das

atividades acadêmicas e de auto-aprendizagem dos alunos são tarefas

inerentes às suas funções.

9.9.7 Facilitador

É o orientador acadêmico com formação superior adequada para

atender aos estudantes em suas dificuldades operacionais durante o

desenvolvimento das atividades nos pólos presenciais. Deve orientar

os alunos para o ensino-aprendizagem a distância, buscando evidenciar

a necessidade da autonomia de aprendizagem. Orienta os alunos, indi- vidualmente ou em grupos, para construção de uma metodologia pró- pria de estudo.

9.9.8 Equipe de apoio na sede

• É composta por profissionais que atendem às áreas de studios e

de suporte tecnológico e outros: manutenção do ambiente virtual de

aprendizagem, manutenção da conectividade por web e satélites e de

captação, armazenamento e transmissão de áudio e vídeo.

9.9.9 Equipe de apoio no pólo

É composta por profissionais que atendem às áreas técnico-acadê- micas, além de oferecer biblioteca, secretaria, tesouraria, laboratórios e

infra-estrutura.

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